sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Porvir

Tudo o que se quer
É um colo para o desamparo humano

Que do conta-gotas, de quando em vez
Pingue uma lágrima de alegria


Tudo o que se quer
São metamorfoses
Que caibam na nossa finitude

Esse é o nosso grito
Para o presente que vier

31-12-2010

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

...Antes que amanheça

Lua em quarto minguante, estação verão
Nenhum latido, nem o ranger de uma porta

Sento-me à pequena mesa, confronto o branco
Venho para me resgatar

30-12-10

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Sessenta por cento......De aumento

Liberté

Égalité..........................Deputados.

Fraternité

22-12-10

Posfácio

Restará um alegre vagabundo
Que pira no acorde de um blues

Alguém que aguarda uma carta, escrita à mão
Por um alienígena

22-12-2010

Desprendimento

Brisa sumida
O que é feito de você

A saudade me castiga
Por que você não vem me ver...?

22-12-2010

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

domingo, 19 de dezembro de 2010

Gratuito


Fluem conversas envoltas em aroma de baunilha,  sorvetes aspirantes à celebridades

Tardes a iniciar pelo avesso, um cerimonial de travesseiros
Sinto cheiro de fronhas alegres, sem precisar de um motivo

19-12-2010

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Das derrotas

É bonito, dançante, alegre como deveria ser o sistema

Quando desponta o novo(antigo), sem crime

Ainda que...

Pra cima do meu time

14-12-10

Adrenalina

Travestido de traça
O mosquito abre mão de velejar no tapete


Prefere surfar rente ao rodapé

14-12-2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

Caiu a ficha

O bolacha, quando garoto, era chegado a matar e prender passarinho. Bodoque, espingarda de chumbinho, gaiolas dos mais diferentes estilos, o que viesse ele traçava.

Era aficcionado, também, por rinhas de galo. Tinha um que era invencível.

Certa manhã, houve um desafio. Pra fazer frente ao galinho do bolacha, o desafiante foi o do Ademar. O duelo deu-se atrás da farmácia dos Tedoldi(da antiga).

Começa a luta, o galo do bolacha toma a iniciativa; pura covardia. Eu nunca havia visto um ser vivo apanhar tanto, a maior das crueldades. Do pescoço à cabeça, uma tela vermelha.

Até que, o pobre do galinho do Ademar disparou pelo terreno, com o multicampeão no seu encalço.

No instante que correram para apartar a peleia, o galo que fugia, subitamente parou e, ao mesmo tempo, girou(cento e oitenta graus), tinha seus esporões suspensos no ar.

Atingiu o outro, em cheio. Ferido gravemente, acocou-se e baixou a cabeça.

O bolacha foi prestar socorro. Quando viu que seu galo estava cego de um  dos olhos, chorou. Depois, decidiu sacrificá-lo.

Desse dia em diante, nunca mais matou ou prendeu passarinho. E nem meteu-se em rinhas de galo.

12-12-10

sábado, 11 de dezembro de 2010

moCa

Morena de Minas

Com esse andar de carioca

Que veste as cores do Salgueiro


Empresta às manhãs sorriso branco

Lenço pra qualquer pranto

Que vais fazer o dia inteiro?

11-12-10

Anunciação

Num piscar de primaveras
espaçosas três Marias vedam os olhos da cercas

Pequenas aranhas ensaiam no trapézio
para a estréia do verão

11-12-2010

Suborno

Nuvem escura, se você não chorar agora

Vou ficar muito contente


Volto da caminhada com algumas samambaias

E um Saara de presente

11-12-10

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Haicai

Nenhum perigo, o poema voa contigo

10-12-10

Estado De Graça II

De manhãzinha
Garrafa de leite na soleira da casa

Padeiro que entrega o pão com carroça puxada por cavalos
Ninho de passarinho na praça

Médico que vem visitar a gente em casa
Reunião dançante em clube 

Turma fazendo pirraça pelas ruas
Serenata até altas horas da madrugada

10-12-2010 e 08-04-2014

Observação do Vazio

Na madrugada de cidade pequena, mexer-se na cama desperta o silêncio 

10-12-10

Observações do Vazio

O relógio de pêndulo faleceu de causas naturais 

10-12-10

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Coadjuvante

Tesourinhas devem ser primas (próximas) dos gaviões.

O açougueiro da esquina as alimenta com carne.

De bocado, na mão, na hora do intervalo no serviço.

Quando ele falta, elas enlouquecem. Pousadas nos fios da rede elétrica e na árvore da calçada, lembram "Os pássaros" de Hitchcock.

Dia desses, apressei o passo; que eu não tô aí pra servir de ator, nem de picadinho de carne.

09-12-10

Das óperas diárias

Tem nó

Que  só

A lágrima
Desata

09-12-2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Tomografia

As suas feições...
Esteja você onde estiver
Não poderá escondê-las de Baudelaire

06-12-10

Conta giros

Quando ela me diz

Que na minha cabeça falta um parafuso

Meu tesão vai à quinhentas mil rotações por minuto 

06-12-10

domingo, 5 de dezembro de 2010

Confessional

Arredo a cortina
Kamikazes andorinhas lançam-se no vão entre edifícios, eu me vejo nelas

A expectativa de pisar palcos abstratos, rotas para o aprendizado
Faz-nos semelhantes

Sou arame farpado. Firo, oxido, entorto, cortam-me...
Volto a ser união de alambrados, embora não seja escolha minha ser espinho

Poderia renascer grama, árvore, besouro, plâncton
Sinto-me, agora, urbano

Desejo voar, estar em muitos lugares ao mesmo tempo
Hoje e sempre, assim espero

05-12-10

Quebra das clausuras

Chuva de verão é verso que molha pétala de flor.

05-12-10

Dizer sempre sim

Mandaram-na(o)
Ordenhar touros


 Ela(e) foi

.
 05-12-10

Incompati-----------------bilidades

Você o quer no motel, o fetiche dele é sua cama.

05-12-10

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Andaimes

Tem cadafalso que é verdadeiro

03-12-10

Abençoada

Come arsênico a recém descoberta bactéria
Jamais viverá na miséria

03-12-10

Rota 66

"Uma correria"
Soa como queixa ou um
desaconselho

Não somos insetos de hotéis imundos
Que nas madrugadas
Disputam restos nas cozinhas

Desejo
Que ela vá pra rua de terninho

Mas que só sua pele
Toque nele
Por dentro

E que anoiteça
Quanto antes, melhor

03-12-2010

Cartão postal

Enquanto sobedesce o catador de coco

O coqueiro faz cara de paisagem

03-12-10

Colmeia de duas

As operárias presenciaram a cena da cozinha

Ele fecundava-a na cama dela

Quando o zangão voou pela janela

A primeira apunhalou a segunda rainha

03-12-10

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ela

Da figueira na rua
Nem mais os braços deixam mostrar-se

Tomada de pudor
Esconde-os sob o verde do vestido

Tem os seus truques a musa
Insinua-se na aparente realidade do tronco
Parece poção de encantar

29-11-10

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Noites estreladas

Agarra-te nas flores
Na cúpula de uma Basílica
Nas telas de Magrite
No trabalho solidário

Eu pego na mão da poesia
In der selben Badewane sind wir

Lá fora, voam balas traçantes
Abra  a porta
Depare com a nossa face no espelho

26-11-2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Cabine leito

Nas carícias dos teus dedos

No balanço do teu corpo
Viaja meu sangue em descompasso

No pompoar
A tristeza vai embora de trem bala

Para encantar-se com a languidez das estações

24-11-2010

Orfandade(das renas)

Perdeu o gorro, o cinto e as pretas botas de couro, de madrugada

No samba, na cama

Tornou-se aluno de uma experiente fada


Lançou moda, a barba branca

Pela brasa do cigarro

Chamuscada

24-11-10

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tapa do Mississipi

Não se escuta uma queixa de bastidor

Nenhum pedido exótico de superstar

Oitenta e quatro anos, trezentas tours em dezoito meses, pisa no palco o Bluesman

Nos vales da pele correm histórias de lágrimas docesalgadas

Sorri, deseja boa noite, entrelaça-se na Gibson e...


It burns !

23-11-10

Sob o mesmo teto

Há um congresso ao lado do hotel, na copa de um Jatobá
Família numerosa, mesa farta

Pequi, gabiroba, jenipapo, araticu, cagaita(com a gaita?)

Sucos e polpas que jamais provei
Visto-me as asas, abandono terno e gravata
Perco a palestra de salão, ganho aventura na mata

23-11-2010

Nau

Sumiu

Como uma autêntica geminiana, detesta aniversariar

Perdi as velas na tempestade


Ahhh....pra onde vai minha proa


O mar não se importa com o leme meu

Destino engraçado, quem é de junho sou eu

23-11-10

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pequeno bolo esférico frito

Am Brill, estação subterrânea colada ao Strassebahn

Distraio-me com vitrines

Como o caminhão do lixo chegou aqui?

Passantes jogam restos, da caçamba do caminhão, sobre a minha cabeça

Alcanço a escada rolante, num esforço descomunal


No topo, acordo nas areias de Genipabu


22-11-10

sábado, 20 de novembro de 2010

Bed

When you can't sleep
And your loneliness grows
I think about you

If you think about me
Just let the river flow

20-11-10

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Prato fundo

Poesia é...

Uma SOPA
Carente de duas letrinhas

19-11-2010

Mochila

Escova e pasta de dente, três cuecas

Um livro, um cd de Blues, outro de Samba e caneta


Meias não, porque tá muito quente, mais um monte de bobagens

Ela no meu peito e a alegria

Tô fechando minha bagagem

19-11-10

É do jogo

Em tempos de multitarefas

Uma das mais gratificantes

É esparramar-se pelo sofá

18-11-10

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fragata rosa

" Sujos" versos derramo em teus ouvidos
Inflama-se minha pele de  "bom moço"


Quero orgasmos teus inundando meus delírios
Passeios de língua nos esconderijos do teu corpo

Geme o silêncio, quando  "xingo ":
Santa minha! Minha puta!

Meu modelo 
Meu bom porto 

18-11-2010

Afinal, você quer ser famoso ou estar poeta?

18-11-10

Wide open eyes

Como parágrafo desconexo
Eu, quesitos sem respostas

Espelho sem reflexo
Tornei-me uma aposta

Uma larva

Eu, coração em brasa
Desatei a fazer versos

Pra  defrontar os meus desertos
Criei asas

18-11-2010

An der Macht

Einfach "Kraft",

Hat sie gesagt


Als ob, Ich nicht wüsste,

Dass sie eine Dame ist

18-11-10

Mundomorfose

Todo dia


Um poema e um Cdvinilmp3


No liquidificador

18-11-10

Carro abandonado no meio----------fio

Morador de rua, sem coração

18-11-10

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Das amizades

Podemos andar extraviados

Somos dois versos de pobre rima

Mas não nos jogamos fora

16-11-10

Casablanca

Assim, chamava-se o Kneipe ( Bar) em Bremen.


Depois das três da manhã, só antigos clientes tinham acesso.

A menos que o porteiro fosse seu colega de curso de idiomas e resolvesse lhe dar uma colher de chá 


Reflito sobre as "dores" de um poeta (ex-engenheiro ) neste mundo tão complicado.

Eu a vejo no balcão do Casablanca, pedindo várias "saideiras".
( doce melancolia)

 De repente, volta-se pra mim e diz : "você é brasileiro, gosta de Vinícius de Moraes"?

.....

Fotografia, jlcalliari



16-11-2010

Nas costas

De beijar pálpebras cerradas
De ser a senha para o cofre dos teus olhos

De domar, mar e dor, que não é dor
Quando desfaz-te das vestes

De saber, que o tempo é um tripulante que se amotina
De suspender, no espaço, o movimento da mão no instante da despedida

Carrego a genealogia
Que me retalha em postas

********************************************

à Cecília Meireles("Não sou alegre, nem triste, sou poeta")

16-11-10

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Idiomas

Em terra estranha
Aflora a sensibilidade

Que o diga o instinto de defesa

Diferente do turista
Morador é concorrente

Uma simples ida à padaria pode ser um grande desafio

Humildade não é covardia
Acanhamento ou submissão

Arrogância não significa coragem

Da língua materna
Deve ser resgatada  a bagagem

04-11-2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Escolhas II

Quando construí uma certa casa 

Receava não chegar ao telhado, por causa da falta de dinheiro 

Agora, abro a janela do quarto

Minha apreensão transferiu-se para o terreno ao lado

Não sei qual o motivo
A obra vizinha estagnou 


Vejo-a relegada

Terminar uma casa é realizar um sonho

Espero
Que o do vizinho se torne verdadeiro


03-11-2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Nos arrecifes

O vaga-lume cruzou o breu do espaço

Como que a anunciar o calor


Extraviou-se do enxame

Como meus pensamentos de mim


Um navio orientando-se por um farol que se movimenta

Estamos bem arranjados, nós dois

28-10-10

Sorriso

Entrego-lhe a muda de planta preferida

Recebo todo Branco do mundo estampado no sorriso 


E


A vontade de rolar na neve

28-10-10

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A atriz

"Um resistente", ela disse

Nada de Beverly Hills ou de Hollywood

Minha festa, de Nelson Cavaquinho

Era a senha para abrir seu coração

27-10-10

Sessão da madrugada

Uma caixa lacrada no depósito
Rodeada de insetos
Prontos pra devorar lembranças

Se tivesse que escolher
Eu não seria papel armazenado
Nem diamante escondido

Eu queria me embrenhar pelos ralos
Domar o perigo das ruas
Eu queria encontrar você pelos bares

27-10-10

domingo, 24 de outubro de 2010

sábado, 23 de outubro de 2010

Ou......Ou

Se ele(a) ama a todos(os)
Ao mesmo tempo
Ou
Você o(a) tira da cabeça
Ou
Veleja na velocidade do vento

23-10-10

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Folha

Meu sapato perdeu-se na música
De certo à caminho do mar

Pra onde eu ia, adiei
E nem faço muitos projetos

Talvez, algum singelo
Que envolva areia
Castelos, remédios para a memória

Aprumo as narinas na direção do verde
Venta azul
Deito-me lâmina ao sabor das marés

22-10-10

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ao volante

Será ??

Que eu também sou assim

Mal humorado(a)

Pobre de mim

Tão mal comido(a)

Tão mal amado(a)

13-10-10

domingo, 10 de outubro de 2010

Dos instintos

Um vacilo da lagartixa
E aquele gavião de serra de plantão na chaminé da lareira
Faria o serviço

Um festival verdebrancoamarelo
Oculta as reais intenções do gato preto
Que mal espera o bocejo do sol

Torço pelo filhote de canário belga
Quem disse que a selva fica na África
Que  fome tem hora marcada

10-10-10

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ostras

I

Adormeci mar
Quando dei por mim, estava você

II

A gente verte

III

Pra que nome, se tem seu cabelo

IV

Desperta-nos a lua cheia

V

Apenas, seguimos

Sabemos
que tropeçamos coração

VI

Sai fumaça da Maria

VII

Eu barco
Você onda

VIII

Tão, mas tão
que dispensa o resto


IX

Dois pares de asas pra um par

X

O dia é uma atriz no palco do teatro

XI

Violino Vivaldi

XII

Não, não se encontra em casa
a concha abriu e ela saiu

06-10-2019

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Foda-se

A gente, que tem nome e sobrenome
A  pseudo democracia
O pronome oblíquo
A sina de ser e não estar poeta


A civilização e o progresso
A ditadura
A rádio FM alheia ao blues
O comunismo e o capitalismo 
A teoria, que não vira prática

......foda-se, foda-se a matemática

A obsessão pelo sucesso

04-10-10

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Recipro Cidades

Para certas cidades, seremos eternamente estranhos
Elas estão seguras na sua frieza
Nós (chaplinianos) somos errantes na exatidão de suas paralelas

São cidades belas (nas suas matemáticas)

Nós, aos seus traçados, alheios
Selamos nossos corações

As coisas , nestas cidades, estarão sempre nos seus devidos lugares

Nos desconvidamos,
elegantemente


28-09-10

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Escala crescente

Você se descobre classe média(um otário), quando:
Compra à prestação um automóvel zero km, que custa sessenta e um mil reais

E

Sente-se mais otário quando:
Percebe que o protetor do cárter é um dos ítens opcionais

23-09-10

terça-feira, 21 de setembro de 2010

domingo, 19 de setembro de 2010

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Habitat II

Uma após a outra
As letras, como grãos de milho
Iluminam minha trilha

Meu labirinto me sustenta
Até pouco antes da saída

Além dela
Ouvi dizer, reina escuridão

Nenhum cereal, nada de grão

13-09-2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Política

Cruza de tamanduá com morcego hematófago

Gera muita cobra criada

09-09-10

A dor

Nobre dama
Envolta em seu negro manto


Você não me assusta

Sua afiada foice
Com o poder da abreviatura
Eu a tenho como cura

Temo, sim, 
Sua mensageira


Aquela que traz envelope lacrado


Eu daria a vida inteira

Pra ser dela poupado


09-10-10

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Limonada

Nadéjda, por mais que tentasse, não conseguia esquecê-lo.

Resolveu que iria à sessão de autógrafos, afinal,

Ele teria seu primeiro livro publicado, "Limões", poemas esquecidos, editora Alfabeta.


Ela era um maremoto de amor e de ódio. Ansiosa, furou a fila.

Ali, cara a cara, lascou: "Você fica dando uma de intelectual, no fundo quer mesmo é arrumar uma puta".

E, ele, de bate pronto : "Estou sem talão de cheques, você faria fiado, só por hoje"?

07-09-10

domingo, 5 de setembro de 2010

Você já viu (quase) tudo

No feriado, os donos da casa não vieram

Um casal de quatis

Instalou-se no jardim em frente


Tão folgados, parecem gente


Tivesse piscina, estariam refestelados

De óculos ecuros e cauda felpuda ao sol


Perfeitamente adaptados


Agora a pouco, como sobremesa de domingo

Um deles, ao celular pela tele entrega, encomendou ambrosia


Estão se achando deuses no Olimpo

Querem pousar pra fotografia

05-09-10

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Proteínas

Na Joana e no João não há músculos de barro
São celebridades da natureza
Andam, pelas sarjetas, à cata de grama seca e finos gravetos

Não frequentam academia

Num esforço de helicóptero, alçam voo até  o ponto mais alto do poste
Carregam a "argamassa" no bico,  pronta pra ser assentada

De costas para o pólo sul, vai nascendo a porta da casa
Na hora do lanche, o pânico instala-se na população de minhocas
Haja alimento pra sustentar esta dupla

Assim acontece toda primavera.

02-09-10

domingo, 22 de agosto de 2010

A(h)orta

Zomba
Pra driblar as dores

No momento de alerta
Preocupa-se com as alfaces

Quem regará os canteiros?

Simples, humilde trabalhador
Com o corpo abalado

Segue no circo
Palhaço batalhador 


22-08-2010

sábado, 21 de agosto de 2010

Bi-campeonadto da Libertadores das Américas

Pentelho mexicano encrava
Dói um pouco, mas logo morre


19-08-10


Retratação


Havia excluído este singelo aforismo
Dois dias após meu time se tornar Bi-campeão

Ledo engano
Como ignorar a poesia contida no berro
A qual ecoa nas vermelhas veias da paixão

21-08-10

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Casas de quadra inteira

Passeio por entre outdoors
Que estampam perfeitas peles expostas

Com joias e lingeries como ornamentos
A cidade não poderia ter mais bela opção

Das coberturas avista-se o bairro(outrora negro)
Que se chamava--ironicamente-- Mundo Novo 

Existem preços entre o fim e o começo
E no caminho, muitos colarinhos brancos 

"Ora, são os compassos", diria um compositor


17-08-2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Alarme

As coisas de família ficam implícitas
No modo da gente se acomodar no sofá

Nos olhares, nos quadros
Que se afeiçoam às paredes

O alarme dispara, são quatro horas da manhã
Deve ser de algum automóvel ou cerca elétrica

"Preciso voltar pro interior, mas eu estou no interior":
Diz a voz do meu sono

"Quem sabe, o interior do interior"
Reclama o tácito em mim, semi-desperto, dependente da cidade

16-08-10

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Viração

Contra vento de cara feia

Bem vinda é a caneca de cafeína

Na cinza dos minutos

Logo o breu se ilumina

13-08-10

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Susan

Abandonou seu país
Porque foi proibida de pintar
Infeliz
Foi viver em outro lugar

Retratava a saudade de sua terra
Não esquecia de seus governantes
Era artista, contra a guerra

12-08-10

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Grega

Quero o futuro grafado por Sibilea
No dorso da folha de uma figueira
Que o destino
Embaralhe ao desejo do vento

E que nenhum verso alegre ou triste possa mudá-lo
Eu queria
Que o acaso fosse meu alento

11-08-2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Lampedesejo

O sol  desbanca o nevoeiro
Chega de mãos dadas com uma fada
De nome brisa

Pode ser um poema
Que avança para a primavera
Enquanto o outono agoniza

10-08-2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Trilhos

Tempo é questão de cabeça
Onde soltam-se e prendem-se amarras

Deve ser pra que a gente não esqueça
Que o danado é como um trem que não para

09-08-10

domingo, 8 de agosto de 2010

Acordes

Deveria preservá-las
As frases inesperadas

Charadas que me assolam
Acordes de blues
Que revelam-se letras

Eu, mero instrumento do sentir


08-08-2010

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Regata

O timoneiro de Netuno faz o barco zigue-zaguear entre os arrecifes no arquipélago das reticências

05-08-2010

domingo, 1 de agosto de 2010

Vales e uvas

Onde o rio Carreiro encontra o das Antas
De cima da pedra grande, ainda domínio do primeiro
Vou cevando lambari.

Peixe daqui só aceita polenta feita em casa
Engole uva isabel de sobremesa.
Jundiá dá risada de espinhel, armado por gente da cidade

Dia desses, meu celular caiu no leito pedregoso
Um Jundiá, bem bigodudo, o devolveu na minha mão.
Em troca, pediu um gole de vinho, eu lhe atendi de bom grado

Decerto, era seu desejo ser fisgado previamente:
Semi-marinado

01-08-10

domingo, 25 de julho de 2010

Ares

Dos campos, eu me agasalho

Das serras, respiro

Das cidades, falo e transpiro

Do mar, escuto e calo

25-07-10

sábado, 24 de julho de 2010

Nem tudo tem no Google

Nosso pai despertou-nos, antes do amanhecer
Ao lado de casa havia um terreno baldio, de esquina, com grama alta
Pela janela do quarto vi o mundo branco

Tanta era a neve, que os mentirosos da cidade nem ousaram aumentar a quantidade.
Durante o café, soubemos pelo rádio que as aulas haviam sido canceladas
Na praça central houve festa

Sentia-me importante, no alto dos meus 11 anos, meio às pessoas mais velhas
Ao menos, até os pés congelarem e minha mãe me passar uma carraspana

Meus dedos roxos demoraram para aquecer no fogão à lenha.
Nenhuma casa era mais aconchegante que a nossa

24-07-10

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cabeceira e pés

Nos amamos

No silente espaço instante


Entre duas notas

De um solo de saxofone

23-07-10

Acanhado

Por trás dos flocos
De celeste algodão

Surge o Voyeur
Como testemunha de viroses

E ela, junto ao corpo
Carrega a primavera em camadas
Num passeio acebolado fashion

O astro espreita
Aguarda o verão
Como se fosse um amante proscrito

23-07-2010

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Corneto

Chegou para jantar-nos
Traiçoeiro liquidificador

Muitos não tiraram a sorte
Monstro noturno

Rasgou as encostas do vale
Dizem que uivava, sedento de morte


22-07-10

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Auditório II

Ó, Araújo, calado Viana!!

Ilumine as cabeças
Que projetam pra você

Um novo
Teto de estrelas

21-07-2010

Rodas

Por entre corpos e ferros

Ainda não a sirene, só berros


Passa o cão, que late

Em nome de quem, prossegue o abate?

21-07-10

sexta-feira, 16 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Prosa metódica

Pra largar o cigarro, fume charuto apagado
Se, passados alguns dias, não der resultado

Acenda o charuto




14-07-10

terça-feira, 13 de julho de 2010

quinta-feira, 8 de julho de 2010

terça-feira, 6 de julho de 2010

Futuro

A perspectiva é uma janela
A gente  a enxerga  aberta, mas não consegue ver além

06-07-10

Traçando

Você não titubeia
quando traça um cafajeste, ou o romântico canalha

Ambos ou dois em um

06-07-2010

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Por uma resposta

A Voyager

Viaja pelo espaço

Abriga no ventre um blues


"Alguém pode me contar, o que é a alma de um homem"?


A noite era escura, canta Blind Willie Johnson

À espera de um eco na solidão de luzes

02-07-10

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Degustação

Fosse da chuva o convite
Iria ao bar

Faria meu ninho no canto
Sob o chapéu da marquise

Papel, caneta
Morosos goles de lua
Afagos da tua silhueta


28-06-10

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Metamorfoses

Desencantos, encontros, paixões
Receios, inércias, expectativas, insucessos
Afinidades, amores

Dinheiro, culpas e engrenagens

Em água, em vida
Deveria ser tudo transformado

25-06-10

quinta-feira, 24 de junho de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Claquete

Senhor
Our only Friend
The End


Sucessor do Napalm, de Hiroshima, do Exon Valdez
Das múltiplas faces da guerra


Nesse instante em Que você acolhe um humilde  pacifista
Que nos revelou a verdadeira cegueira humana


Se não for pedir demais
Seja breve



18-06-2010** morte de José Saramago



Fotografia, jlcalliari


quarta-feira, 16 de junho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Eufemismo irônico

Dezenove mil litros de petróleo

Largados no mar

Por dia

Poderia ser melhor

Afinal de contas

Isto é pura poesia

09-06-10

Desconhecidas paragens

Na escuridão

No brilho que ofusca

As palavras são batedoras imprudentes


Que buscam perder-se por aí 

09-06-10

domingo, 6 de junho de 2010

Valor da moeda

Cinco horas da manhã

Anuncia o antigo relógio de mesa, recém consertado.

Depois disso, mais nada
Nem o som de um respiro

O silêncio é um bem inegociável.

06-06-10

terça-feira, 1 de junho de 2010

Instante

Puxa
A porta do apartamento

E percebe

Lá dentro
As chaves descansam no  breve passado

01-06-10

domingo, 30 de maio de 2010

Quem sabe

Quem sabe eu entenda

Que o show segue um roteiro

Em vez de querer

Que minha música toque de uma vez

***

Quem sabe eu aprenda

A tocar meu próprio violão

***

Quem sabe eu cesse

De tanto me cobrar

***

Quem sabe eu cresça, um dia...

30-05-10

terça-feira, 25 de maio de 2010

Garça ao óleo

Tingem-se minhas penas

Com o líquido escuro


Era meu o mar do planeta

Agora humanamente inviável


Eu canto

porque o momento exige

Nem  pena eu sinto

25-05-10

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Alicerces

Do sertão com filhos à tiracolo
Atrás de uma vaga pra recepcionista
Um pouco poeta, um pouco artista

Lavando roupa, cantando
Por fome, se prostituir
Parece drama de cinema
Mas é alicerce de país

20-05-10

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Arco-íris

Cores querendo ser

Refratário
Efêmero estar

Luz
Que vem se mostrar

19-05-2010

Fotografia, jlcalliari

Campainha

Ding Dong !

É a realidade na porta
Ela quer seu lugar no poema

Inesperada
Por vezes, tenaz e impiedosa
Sem pena do escritor

Apesar disso, traja saia
Traz amor, já é parte do verso
Ele  quer ser  merecedor

19-05-2010

With bag and baggage

Nickels, Dimes, Poetry....and Blues

19-05-10

sábado, 15 de maio de 2010

terça-feira, 11 de maio de 2010

Petit Paquet

Tô aqui

Tentando formar uma linda frase

Pra te impressionar


Se ela não vier

Mando-te minha alma

Pelo correio

11-05-10

Pês

Poesia e Projeto não se cruzam

Ela é marginal

11-05-10

Férias de verão

Figada,  Marmelada, Goiabada, Pessegada...

Lá em casa, fazia-se em tachos de cobre comprados dos ciganos
A leitura das linhas das palmas das mãos vinha de brinde

Nosso futuro era sempre promissor

Os grãos de uva cozinhavam, até esquecerem-se que eram grãos
Açúcar, vinha do armazém, em sacos de sessenta quilos, caia no tacho em avalanche

Mexe que mexe com a pá de madeira!
Da fervura vinha o aroma

Quando atingia o ponto, meu pai passava para os coadores
Extraia o suco e engarrafava

Só de olhar dava água na boca
Na hora de beber, ele dizia:

Suco de uva  "engrossa" o sangue !

11-05-2010

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Dos motivos

Meu bom dia acorda cedo
Meio abobalhado


Com vontade de esquecer


Ando pelas ruas 
Apressado

Como se fosse te ver 




07-05-2010

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Eu mesmo, múltiplo

O que me gera é o pensamento

Dependo do exercício de imaginar


Quero saber navegar nas minhas marés
Ser comparsa de meus ventos


Quero meu dia a dia, sem o faz de conta

Intruso fel no meu habitat

06-05-10

terça-feira, 4 de maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

sábado, 1 de maio de 2010

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Turmas


Uma turma vai para o lago
Espelha-se na superfície
Enxerga coisas no fundo


A outra 
Prefere o raso do espelho


30-04-10

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A cara do centro

Fizeram a cidade escutar
Sua própria voz
Num dia qualquer da semana

Ela fingiu só ter ouvidos
Para  o  som do "três em um"
De uma vizinha

Quantos pratos tinha que por na mesa
Nunca lhe perguntaram

Pobre cidade
Abrigo de personagens ocultos

Sonegam-lhe a paisagem, a vista para o rio


19-04-10

sábado, 17 de abril de 2010

It's time

A rainy day in my mind

It's all that my body needs

My heart says that's autum time

And he's tired of the summer breeze

17-04-10

sábado, 10 de abril de 2010

Flashes

Temos tarecos guardados nos depósitos da alma
Assemelham-se a arestas, que
Nem sempre machucam

Sentimos, quando delas lembramos
Que somos  meio malucos 

10-04-10

sábado, 3 de abril de 2010

Noviço

As palavras não pedem licença para sumirem
Há muito a ser "dito"
Por vêzes, não se é capaz

Em vez de ar, fumaça
Frieza na íris, onde outrora brilhava o castanho dos olhos
Abre-se um livro, a gente  é como uma criança que engatinha

03-04-10

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Fazendo arte

Como se quisesse colo, desabafou:
"Acho que ando muito amargo".
"Não gosto de mim assim".

Ela disse que, na dose certa
A amargura poderia se transformar em arte.

Então, ele levou um pedaço de chocolate à boca
E sorveu-o, lentamente...

01-04-10

domingo, 28 de março de 2010

Olhos mendigos

Pediam-se em silêncio
Embaraçados

Indiferentes ao apelo das mãos
Surpreendidos

Necessitavam-se com urgência
Apesar dos labirintos

28-03-10

Despedida do verão

Da torre da pequena igreja

Anuncia o sino

Que o outono se avizinha

Tem-se um domingo de paz

De desbotados verdes

Parece que o relógio parou

Como que compadecido com a metamorfose das cores

28-03-10

sexta-feira, 26 de março de 2010

Travesseiros

Quando desperta-me na madrugada com sua manha de que "nada aspira"
Ela me vira pelo avesso, é uma orgia sem fim e nem começo
Minha fêmea é um poema que respira

26-03-10

sábado, 20 de março de 2010

Hendrix

Um trem, enfim

Alma carente de estrada

 Cidades de Blues

Range o aço

Neva e ele ressucita

20-03-10

Papo de ante-sala de consultório médico

Antiácido? Ah, sim! Aceito.
Minha filha precisa ser aprovada.

Eu disse à ela que ela precisa ser famosa
e ganhar muito dinheiro. 


Quero que ela se torne  uma celebridade, sabe?


Sei....Meu garoto, por enquanto, deseja ser aprendiz de escritor.


20-03-2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

Miopia

A gente tira os óculos

Com o pretexto de limpá-los

Pra ver o mundo como ele é


Com eles, o mundo só faz de conta

19-03-10

Das safras

Naquela estrela é tempo de germinar

Vou até lá, apanho algumas sementes
Pra levares na tua carruagem
Junto aos teus sonhos de menina

Eu vou até aquela estrela
Depois, volto pra te buscar

Lá vou encontrar
A felicidade que não termina

19-03-2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

Perdas e ganhos

Ela acordou ainda de porre.

A primeira coisa em que reparou,
foi no espaço vazio da estante.

Seu mais querido livro....

Lembrou daquela vez em que o vinil
--Concerto para Bangladesh--sumiu para sempre,
depois de uma festa.

Raro LP.

Uma mão amparava a dor de cabeça.
A outra, tateava o piso à cata da calcinha.

11-03-10

terça-feira, 9 de março de 2010

Neither rhyme nor reason

It's my fault, baby
I believe
When you say
That you need me

But I think
you are a fake
And we would try to learn the lessons

Darkness 
Has to give us a brake

09-03-10

Desígnios

Cartas de maios passados
Musique-as
Para que elas pairem na leveza do ar

Bilhetes de perfumados setembros
Arrolhe-os
Jogue as garrafas ao mar

Melhor aventurar-se nas correntes migratórias
Do que perecer de solidão nas gavetas



09-03-10

sexta-feira, 5 de março de 2010

Sangue andaluz

Quer partir minhas vidraças
Cravar unhas na carne

Parece um girassol faminto de vida
Roça-se na minha pele com ar de despedida
Pantalha aquecida

05-03-10

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Imagens pra você

Se, um dia,
lhe agradar um poema

Vou lê-lo
até meus olhos cansarem


Farei dele meu travesseiro de penas


E se, por acaso, perguntarem

Por que assim,
a imaginar, eu me atrevo

Diga que não é pra mim

Mas pra você que eu escrevo

24-02-10

Spontaneität

Genug mit dem unsinnigen Gerede!

Poesie kommt nur
Wenn sie will

24-02-10

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Retrô

à Ana Cristina César (1952-83), pela inspiração   





  Anfitriã
 Noturno esconderijo,
 oNde o orvalho sussurra adjetivos,

 Por entre nesgas de luz
 Ora da lua, ora da rua


 Dribla suas folhas escuras 
Para lamber convidados


II


 Seringueira,

Dama da esquina, charme do bairro

 Guardiã
 De encantadores, impublicáveis prefácios


Em noites
De casais enamorados


 23-02-2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Privacidade

Vento leste "suja" o mar, pra que a gente não enxergue dentro dele

20-02-09

Diana

Aquele brilho,
de discrição disfarçado, é das mulheres raras

É como um blues,
que torna fardos mais leves

Aqueles suaves movimentos,
catalizadores de hormônios

Fazem habitantes das planícies

Querer brincar de caça e caçador

20-02-10

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Cheiros de infância

Eu acordei com narinas de baunilha

Envolvidas por aromas de cravo e canela

Uma voz me chama
pra lamber as panelas
que o doce tá pronto pro forno

Eu acho que tem merengue, calda de ameixa


Montanha Russa?
As pás da batedeira não param de perguntar

Quando a voz não chama canta uma reza,
com ela o bolo cresce bonito

Parece um poema nascendo

01-02-10

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Das tentativas

Tem dias, a gente se desculpa por nada

Engole um sapo, depois sente-se vazio
Daqueles que só mar preenche

Pensa-se em simplicidade, humildade, sabedoria...
Tantas palavras no

Vem a vontade de jogar os sapatos pra longe, bem longe, muito longe

Um longe sem gente

28-01-2012

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Roda de Chuva

Banho na rua é como roda de samba que acontece de improviso
É atrasar a saideira
Esquecer o relógio  a semana inteira
Pra se encantar com um sorriso

27-01-10

Pingos de samba

Da chuva de verão
A gente nuca deve fugir
Ela benze ninho de passarinho

Na melancolia da árvore recém podada
Chuva de verão faz carinho

27-01-10

domingo, 24 de janeiro de 2010

Tubos de ensaio

Será que somos todos protocolados?

Com o reforço de carimbos
pra que não se incluam personagens
nas entrelinhas ?

Meu bem,
tudo é tão retilíneo
Que pra sobreviver
fazemos curvas em fantasias

24-01-10

sábado, 23 de janeiro de 2010

Zoeira

É dia de festa!
Do alto dos pinheiros,  anunciam as soberanas gralhas

Arruaceiros tucanos,
filhotes de canários e caturritas fazem mais barulho que um bando de pica-paus

Um  pássaro especial, nem sei seu nome,
cabeça laranja ( cor da bandeira da Holanda)

Pescoço amarelo, negro ao redor dos olhos,
peito azul oceano e cauda cinza-chumbo devora as sementes da árvore nativa

Eu, que não toco nenhum instrumento musical,
acumulo nova frustração

Gostaria de  cantar como eles...

23-01-2010

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

sábado, 16 de janeiro de 2010

Das manhas

Um dia, pra que eu possa me resgatar
Vinte e quatro horas,  não um mês.

De entre lençóis
De cama satisfeita, desarrumada.
Um apenas
Em que palavras venham desarmadas

Um duelo de armas brancas  de lâminas sem fio
Eu lhe ofereço a pele
Você acende o pavio

16-01-10

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

sábado, 9 de janeiro de 2010

Retratos que falam

Barco com jardim na proa, no centro da cidade

Sorvete, na neve, que anda de bicicleta

Músicos de rua com cara de Van Gogh

Café da manhã em albergue da juventude

Festivais de Blues e Rock ao ar livre no verão

Tulipas são entidades 


Tempo e Felicidade viajam de trem bala

09-01-2010

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Mandioca com coco

Durou alguns segundos meu sonho,
não mais que trinta, penso eu

A mão subia pelo furo do bôlo,
Souza Leão, talvez

Abrindo-se,
como que esperando uma oferenda

Alcançei-lhe uma garrafa de rum,
um punhado de fios de ovos.

E ela se recolheu.

06-01-10

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

domingo, 3 de janeiro de 2010

Dos tempos

Ouvi um poeta dizer,
que perdeu a ingenuidade

Que não mais ilude-se

Nas rodas de samba
a gente lamenta,
que tenha de ser assim...


03-01-10

sábado, 2 de janeiro de 2010

O baile I

Leio
Desconcentro-me

Beijo pálpebras cerradas
(como se o beijar de olhos pudesse trazer-te)

Cada página virada é como uma nova música
Cada linha, uma  dança

Um verso, um lugar
Somente teu
Onde esqueço de mim

02-01-10