domingo, 12 de dezembro de 2010

Caiu a ficha

O bolacha, quando garoto, era chegado a matar e prender passarinho. Bodoque, espingarda de chumbinho, gaiolas dos mais diferentes estilos, o que viesse ele traçava.

Era aficcionado, também, por rinhas de galo. Tinha um que era invencível.

Certa manhã, houve um desafio. Pra fazer frente ao galinho do bolacha, o desafiante foi o do Ademar. O duelo deu-se atrás da farmácia dos Tedoldi(da antiga).

Começa a luta, o galo do bolacha toma a iniciativa; pura covardia. Eu nunca havia visto um ser vivo apanhar tanto, a maior das crueldades. Do pescoço à cabeça, uma tela vermelha.

Até que, o pobre do galinho do Ademar disparou pelo terreno, com o multicampeão no seu encalço.

No instante que correram para apartar a peleia, o galo que fugia, subitamente parou e, ao mesmo tempo, girou(cento e oitenta graus), tinha seus esporões suspensos no ar.

Atingiu o outro, em cheio. Ferido gravemente, acocou-se e baixou a cabeça.

O bolacha foi prestar socorro. Quando viu que seu galo estava cego de um  dos olhos, chorou. Depois, decidiu sacrificá-lo.

Desse dia em diante, nunca mais matou ou prendeu passarinho. E nem meteu-se em rinhas de galo.

12-12-10

Um comentário:

  1. Me puxaste essa lágrima sentida.

    Sou dos animais, a mais louca protetora!

    Obrigada Poeta.

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