Sussurro de Iemanjá

I

A gente aprende a usar ferramentas
Pra se defender das armadilhas do dia

Esquece que é nos brinquedos
Onde repousa a genuína alegria

II

Se o oceano esconde o peixe
Espera-se  a tempestade passar

Navegando nos esgares dos ventos
O barco não vai naufragar

III

Há cavernas
Que guardam atrozes segredos

IV

Mapas

V

Piratas que metem medo
Mas não roubam as belezas do mar

30-01-2018

O canto

Allegro ma no troppo

Assim
Aflauta o sabiá

23-01-2018

Fotografia, jlcalliari

Súbita

No final da tarde, a casa entre xaxins
Ciprestes, plátanos e aleluias
Respira aliviada

O mato renovado abranda o mormaço
Sobre as hortênsias o vale derrama um pretenso nevoeiro londrino

As três Marias
Maria Clara, Maria João e Maria Eduarda

Tateiam as gavetas do roupeiro na busca por um leve agasalho
Enquanto sonham com sorvete

De chocolate, é claro

20-01-2018

Rumo ao inviolado

Na curva do vale
Onde se unem os rios Carreiro e das Antas
A face do céu espreita

Cheira a mato a cópula
Ente as buliçosas águas dos rios

Nas margens, o seixo rolado parece que se inquieta durante o ato
As muralhas de basalto adornam-se com os matizes da aurora

Há cenários
Nos quais a natureza despreza o tempo

Neles somos como nuvem passageira

Em nós
Eles são eternos residentes

17-01-2018.
Fotografia, jlcalliari

Observações Do Vazio

, Minha, relação

, com a , Vírgula

Anda de , péssima
A , pior do que

16-01-2018

Das raras belezas

Há mulheres
Que nem com um sublime esforço pessoal

Conseguem ficar feias

True love ( still exist ? )

Set us free

Because
We are pollen

10-01-2018

Cada um , Cada um

Eu trato a poesia
Pelo pronome QUEM

Pois, para mim
Ela é um ser vivo

06-01-2018

Escolhas

A gente
Não escolhe a poesia

A poesia
Escolhe a gente


01-01-2018