sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Temperaturas urbanas

Imagina-se seja o Paraíso cobiçado,  um shopping center no verão
Uma espécie de esconderijo,  pra quem não tem ar condicionado em casa

30-01-09

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Muro e preconceito

Um cara, de seus sessenta anos,
vem em minha direção, na Lloyds Passage, em Bremen,
ao mesmo tempo em que, ao meu lado, passa
um apressado casal. Ela, uma alemã loiríssima, de seus 28 anos,
linda de atar. Ele, um negro, suponho africano. Ambos trocam carícias.

O cara para na minha frente e diz: "Traurig, nicht? " (triste, não ?).
Eu respondo: "Trauriger sind die Bomben über Berlin 1945 gewesen, meinen Sie nicht? "
(Mais triste foram as bombas sôbre Berlin em 1945, o senhor não acha?)

Arregalou os olhos, estupefato. Devido a minha tez clara, talvez,
não contava que eu fôsse estrangeiro. Logo depois da queda do muro,
as coisas começavam a mudar para as duas Alemanhas.
Algo mais caia, além de um muro, a loira que o diga...

26-01-09

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Meisenfrei

Pedi uma halbes Beck's von Fass,
Olhei pro Andreas e disparei:"Tô com saudades dos Brasil"

Natürlich, disse Andreas, como querendo consolar-me.
Lá fora, uns 7, abaixo de zero. A rua, escorregadia como uma pista de esqui.
Ambos de bicicleta, estacionada frente ao bar, porque bom bebedor não se intimida.

O Meisenfrei fecha à uma da manhã.

Ceva vai, ceva vem, Andreas me conta que está apaixonado ,
Por uma Angolana, a familia dele não concorda com o namoro.

Pergunta como é no Brasil, pede conselhos
Ele engana-se, certas matérias não dão a mínima para "professores".
Nisso, no Brasil, é assim, depende .....
"Mas é mais liberal, tem mais alegria", digo eu.

Porre de bicicleta é diferente, ainda mais com tombo de verdade.
Depois do almoço, no dia seguinte, Andreas ainda dormia.
Eu sai às oito da manhã pra Universidade.

14-01-09

Karma de Kombi

O cara tinha liga pra Kombi.
Era como um imã no corpo,
saia pra caminhar,
uma Kombi cruzava seu caminho.

Chegava, em casa, do trabalho,
ia estacionar o carro, dito e feito,
na sua vaga, a Kombi do vizinho.

Pegava no sono,
despertava com o alarme
de uma incendiando na madrugada

Acabou casando com a tralha antiga.
Enquanto durou, foi infinito, como diz Vinícius.
Livrou-se do IPVA,
mas teve de ser internado...

14-01-09

Pré-escola

Recorro à palavra  mar

Simples de rimar
Também de sujar

Todo verão
Ela  assume um compromisso

Acolhe-nos  nas férias

Em troca
Recebe o lixo

Que jogamos
Nas suas artérias

14-01-2009

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Recifes à estibordo

Melhor não ancorar no arquipélago das anfetaminas
Difícil a navegação por estas águas

Depois, o corpo paga
Netuno manda a conta

Uma calmaria, uma tormenta
Um monta e desmonta
Viagem que laboratório nenhum sustenta

08-01-2009

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Es kommt darauf an

Lugar tão calmo
e agitado, esse no meu peito
leio Fernando Pessoa
segue a vida numa boa

Nem sempre é,
como se pensa,
a vida é muito mais densa
mais esperta que a gente

01-01-09

Feitiço do águia branca

É de manhã no águia branca

Aqui, moram a música e uma morena
Ambos fazem-me bem

Que pele, que curvas, que dona, que noite...
Onde eu me perco, também

É fogo de gente
É água corrente, que mata minha sede
Meu bem

01-01-09

Ortográfico porre

Um inerte pinguim de geladeira
Não está nem aí pro trema
Faceiro, põe-se a sonhar
Aberto a qualquer esquema

Enquanto assa-se o churrasco
Na segunda virada do espeto
O bichinho está perto do fiasco

Afinal, o que sou. Um enfeite?
Vivo aqui em cima, só não bebo leite
Quando termina a ceva gelada
Lá vai o pinguim, sem trema pela madrugada

01-o1-09

Seu nome em vão, jamais

Se felicidade é momento
E nele me realizo

Junto a você, eu sou eu
Com e sem juízo

01-01-09