segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Gorjeios

As comadres resolvem colocar os assuntos em dia.
Tudo bem, se não fosse no galho colado à veneziana.

Devo confessar, o som é de alta fidelidade, estereofônico.
Mansamente, de um olho só, procuro um certo alento no relógio de cabeceira.
Ele não perdoa: São cinco e quarenta da madruga, batidinho.

"Impossível", penso em voz alta. Nessa hora não há tagarelar entre vizinhos, nem aqui, nem em qualquer lugar de mesmo fuso.

Se abro a janela e reclamo, elas dirão que estou de mau humor e que não estão nem aí pra minha quietação. Eu não tô a fim de barraco.

Devem ter penas azuis, amarelas, verdes. Das cores do nosso estandarte, as Caturritas. O travesseiro me consola, ao contrário do relógio arrasta-me para o colo do sono. Já no sonho, com um pé no abismo, conto estrelinhas brancas sobre um fundo azul celeste.



24-01-11

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