sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Porvir

Tudo o que se quer
É um colo para o desamparo humano

Que do conta-gotas, de quando em vez
Pingue uma lágrima de alegria


Tudo o que se quer
São metamorfoses
Que caibam na nossa finitude

Esse é o nosso grito
Para o presente que vier

31-12-2010

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

...Antes que amanheça

Lua em quarto minguante, estação verão
Nenhum latido, nem o ranger de uma porta

Sento-me à pequena mesa, confronto o branco
Venho para me resgatar

30-12-10

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Sessenta por cento......De aumento

Liberté

Égalité..........................Deputados.

Fraternité

22-12-10

Posfácio

Restará um alegre vagabundo
Que pira no acorde de um blues

Alguém que aguarda uma carta, escrita à mão
Por um alienígena

22-12-2010

Desprendimento

Brisa sumida
O que é feito de você

A saudade me castiga
Por que você não vem me ver...?

22-12-2010

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

domingo, 19 de dezembro de 2010

Gratuito


Fluem conversas envoltas em aroma de baunilha,  sorvetes aspirantes à celebridades

Tardes a iniciar pelo avesso, um cerimonial de travesseiros
Sinto cheiro de fronhas alegres, sem precisar de um motivo

19-12-2010

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Das derrotas

É bonito, dançante, alegre como deveria ser o sistema

Quando desponta o novo(antigo), sem crime

Ainda que...

Pra cima do meu time

14-12-10

Adrenalina

Travestido de traça
O mosquito abre mão de velejar no tapete


Prefere surfar rente ao rodapé

14-12-2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

Caiu a ficha

O bolacha, quando garoto, era chegado a matar e prender passarinho. Bodoque, espingarda de chumbinho, gaiolas dos mais diferentes estilos, o que viesse ele traçava.

Era aficcionado, também, por rinhas de galo. Tinha um que era invencível.

Certa manhã, houve um desafio. Pra fazer frente ao galinho do bolacha, o desafiante foi o do Ademar. O duelo deu-se atrás da farmácia dos Tedoldi(da antiga).

Começa a luta, o galo do bolacha toma a iniciativa; pura covardia. Eu nunca havia visto um ser vivo apanhar tanto, a maior das crueldades. Do pescoço à cabeça, uma tela vermelha.

Até que, o pobre do galinho do Ademar disparou pelo terreno, com o multicampeão no seu encalço.

No instante que correram para apartar a peleia, o galo que fugia, subitamente parou e, ao mesmo tempo, girou(cento e oitenta graus), tinha seus esporões suspensos no ar.

Atingiu o outro, em cheio. Ferido gravemente, acocou-se e baixou a cabeça.

O bolacha foi prestar socorro. Quando viu que seu galo estava cego de um  dos olhos, chorou. Depois, decidiu sacrificá-lo.

Desse dia em diante, nunca mais matou ou prendeu passarinho. E nem meteu-se em rinhas de galo.

12-12-10

sábado, 11 de dezembro de 2010

moCa

Morena de Minas

Com esse andar de carioca

Que veste as cores do Salgueiro


Empresta às manhãs sorriso branco

Lenço pra qualquer pranto

Que vais fazer o dia inteiro?

11-12-10

Anunciação

Num piscar de primaveras
espaçosas três Marias vedam os olhos da cercas

Pequenas aranhas ensaiam no trapézio
para a estréia do verão

11-12-2010

Suborno

Nuvem escura, se você não chorar agora

Vou ficar muito contente


Volto da caminhada com algumas samambaias

E um Saara de presente

11-12-10

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Haicai

Nenhum perigo, o poema voa contigo

10-12-10

Estado De Graça II

De manhãzinha
Garrafa de leite na soleira da casa

Padeiro que entrega o pão com carroça puxada por cavalos
Ninho de passarinho na praça

Médico que vem visitar a gente em casa
Reunião dançante em clube 

Turma fazendo pirraça pelas ruas
Serenata até altas horas da madrugada

10-12-2010 e 08-04-2014

Observação do Vazio

Na madrugada de cidade pequena, mexer-se na cama desperta o silêncio 

10-12-10

Observações do Vazio

O relógio de pêndulo faleceu de causas naturais 

10-12-10

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Coadjuvante

Tesourinhas devem ser primas (próximas) dos gaviões.

O açougueiro da esquina as alimenta com carne.

De bocado, na mão, na hora do intervalo no serviço.

Quando ele falta, elas enlouquecem. Pousadas nos fios da rede elétrica e na árvore da calçada, lembram "Os pássaros" de Hitchcock.

Dia desses, apressei o passo; que eu não tô aí pra servir de ator, nem de picadinho de carne.

09-12-10

Das óperas diárias

Tem nó

Que  só

A lágrima
Desata

09-12-2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Tomografia

As suas feições...
Esteja você onde estiver
Não poderá escondê-las de Baudelaire

06-12-10

Conta giros

Quando ela me diz

Que na minha cabeça falta um parafuso

Meu tesão vai à quinhentas mil rotações por minuto 

06-12-10

domingo, 5 de dezembro de 2010

Confessional

Arredo a cortina
Kamikazes andorinhas lançam-se no vão entre edifícios, eu me vejo nelas

A expectativa de pisar palcos abstratos, rotas para o aprendizado
Faz-nos semelhantes

Sou arame farpado. Firo, oxido, entorto, cortam-me...
Volto a ser união de alambrados, embora não seja escolha minha ser espinho

Poderia renascer grama, árvore, besouro, plâncton
Sinto-me, agora, urbano

Desejo voar, estar em muitos lugares ao mesmo tempo
Hoje e sempre, assim espero

05-12-10

Quebra das clausuras

Chuva de verão é verso que molha pétala de flor.

05-12-10

Dizer sempre sim

Mandaram-na(o)
Ordenhar touros


 Ela(e) foi

.
 05-12-10

Incompati-----------------bilidades

Você o quer no motel, o fetiche dele é sua cama.

05-12-10

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Andaimes

Tem cadafalso que é verdadeiro

03-12-10

Abençoada

Come arsênico a recém descoberta bactéria
Jamais viverá na miséria

03-12-10

Rota 66

"Uma correria"
Soa como queixa ou um
desaconselho

Não somos insetos de hotéis imundos
Que nas madrugadas
Disputam restos nas cozinhas

Desejo
Que ela vá pra rua de terninho

Mas que só sua pele
Toque nele
Por dentro

E que anoiteça
Quanto antes, melhor

03-12-2010

Cartão postal

Enquanto sobedesce o catador de coco

O coqueiro faz cara de paisagem

03-12-10

Colmeia de duas

As operárias presenciaram a cena da cozinha

Ele fecundava-a na cama dela

Quando o zangão voou pela janela

A primeira apunhalou a segunda rainha

03-12-10