Vou caminhando até o riacho. Mal me aproximo, sinto o cheiro fétido.
Nada novo, só mais um produto químico usado para "tratar" o couro dos curtumes.
Sigo adiante, encontro uma vertente. Ela corre até formar uma pequena bacia, linda de se ver, natural.
Agacho-me para matar a sede e dou de cara com uma inofensiva cobra d'água . Ela está doente.
Olhos meus nos olhos dela.
"Fosse você, não beberia desta água", ela aconselha.
Lembro dos acampamentos às margens dos rios Carreiro e Taquari.
Onde tem cobra, a água é limpa, dizia-se...
Que devo fazer para matar a sede ? Pergunto ao pequeno réptil.
" Volte uns quilômetros acima, entre no primeiro braço do regato , à direita ". " Vá para longe dos detritos".
" Tentarei lhe acompanhar, nadando rente à margem".
" Se você encontrar uma alternativa para melhor viver, salve-me, por favor".
" Você deve retornar ao caos urbano, contribuir para que os humanos caiam na real." **
30 -04-2022
** cair na real = na linguagem das cobras d'água, conscientizar-se
Canyon Itaimbezinho
Video, jlcalliari
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