I
Voam motos
Em ziguezague
Mais parecem revólveres engatilhados,
Mirando espelhos retrovisores ao longo da rodovia
Alguns crânios, quem sabe...
II
Sinto-me
Como um dublê numa cena de Mad Max
Homicídio, suicídio,
Tanto faz; está à disposição o Bufê
III
Trafego, de carro
Atrás de uma carreta três eixos, carregada com frangos, rumo ao matadouro
Penso nas gaiolas
Assolam-me sentimentos de passarinho
IV
Numa nesga de calmaria,
Admiro, de soslaio, o milharal : colheita recorde ; é o que se propaga
V
A cidade me recebe
Trânsito leve, lixo dos containers espalhado pelas ruas
O sustento dos miseráveis
Oro para o milho, como fazia Cora Coralina
VI
No rumo de casa,
Um Flamboyant exibe-se na esquina
Sua copa
Se assemelha ao vestido de uma dama
Acho que, à noite
Ela deixa suas raízes, seu tronco e sai pra dançar no asfalto
Uma boa pedida
Pra começar um novo dia
15 - 11 - 2021
Fotografia, jlcalliari
Flamboyant
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