quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Até a próxima

À direita da entrada, uma pequena rampa dá acesso à sala
Está ali no canto, ao lado da televisão
Nunca se acostumou com ela pela manhã

Beijo-lhe a testa, depois a face
Estendo as mãos, abraço, apalpo seus braços pra reter o tempo
Nunca reclama de nada, meu espelho

Tem de ser dor de derrubar, de parar em hospital
Enganamos lágrimas num passeio ao passado e ao futuro
Não há muito a dizer, está lúcido e ciente."As coisas são, como são". Sorri e ensaia piadas.

Chamam para o almoço, estamos nos despedindo

16-02-11

2 comentários:

  1. (foi como - imagino - com o meu pai,
    embora ele tenha ido antes de eu completar 4 anos, a sensação que tenho é que teria sido assim a nossa relação hospitalar... se houvesse)


    uma crônica versada nas palavras escondidas.


    bonito, luis.

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  2. Que lindo, João!

    A beleza do versar a dor mais doce do coração,
    a despedida breve, de quem tem o espelho d'alma,
    e da coragem, só a razão,
    posto que nem se sabe o nada,

    nem o tudo que se precisava!




    Belíssimo, querido...

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