sábado, 31 de outubro de 2009

O maestro

Perdeu o emprego
Casa, carro, cachorro
A família e o sossego

Foram-se a batuta e os amigos
Restava-lhe, apenas, o mais caro abrigo

Se perdesse a musamada
A  planta que seu coração regava
Teria que (re) aprender a reger sua orquestra, sem os braços
Juntar aos poucos, pelas ruas, seus pedaços

Teria que reinventar sua estrutura
Sua pele, seu ópio, sua cura

30-10-09

domingo, 25 de outubro de 2009

Miscelâneas

I

Noz noscada

Pimenta coentro orégano
Sálvia
Salsinha louro...

II

João-de-barro sabiá canário
Gavião maçarico chupim cardeal
Curió pintassilgo caturrita

Quero, queremos
Quero-quero

Abaixo as gaiolas!

Vivas ao braço verde mar adentro

Vida
Voltando pra onde nasceu

Bem que vi
Bem-te-vis

Abelhas

Itaúba
Mato meu


III

Urbanos
Humildes sul americanos
Sigamos as diversas partituras

IV

Mandioca
Caldo de cana melaço
Caipirinha cocada
Amendoim paçoca rapadura...

25-10-2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Lentes da alma

Um par de cada vez
Ela vai se adonando
Dos olhos que passam

Vivemos de nossos fregueses
Que dentro de nós se instalam
Todos de uma só vez.

De posseira à  freguesa

21-10-09

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Olimpíada

Sexta feira nublada,
trânsito tranquilo...

Mas o que é aquilo?
Quase um acidente!!

Mané xinga zé, que rexinga mané

Mané puxa a arma, sai à caça de zé...

Dois quarteirões adiante, estampidos.

No ar, cheiro de morte...

E nos lares da cidade onde vivo fala-se mal de outra cidade.

16-10-09

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Estoque zerado

Tamanha era a pressão dentro de casa que o tio da Ana Lúcia não suportava, se mandava porta afora rumo ao chinaredo

Nem era pra ter sexo com as prostitutas, chegava no cabaré, pedia uma cerveja no balcão do bar e proseava fartamente com as gurias até se cansar

Tinha como inimigo o relógio, cujos ponteiros a seu ver, andavam muito depressa

Gente fina , o tio da Ana Lúcia, dizia Maria a dona da mercearia
Não merecia, noite sim outra também, deitar-se com uma jararaca em casa
A situação ficava crítica, quando o estoque de soro anti-ofídico zerava no posto de saúde da cidade

15-10-09

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

domingo, 4 de outubro de 2009

Rio acontece mar

 I

Um casal de turistas brasileiros é discriminado por um motorista de táxi em Lisboa, desconfiado de que não lhe paguem a corrida
O passageiro , com o dinheiro na mão, defende-se
A mulher está apavorada

II

Sou a gostosa da Rocinha e tenho poder
Sei que o dono da padaria me deseja

III

Uma ampola de vinho Bordeaux é deflorada no Sena junto à Pont Neuf
Para deleite dos amantes

V

À cata de um ônibus na Avenida Carlos Gomes, ela ruma para o Jardim Botânico
Enquanto lembra das noites de St. Pauli em Hamburgo

Depois do doce inferno de Dante, plantas e flores

Somos, mas escutamos o rio  fluir...

04-10-09

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Janelas

Não quero conhecer seu passado
Somente, se quiseres que eu saiba

Quero saber do presente
Foi lá que lhe conheci

01-10-09