domingo, 29 de abril de 2012

Pele riscada

Delicio-me com cantos escritos
Verbos espadas(suas terminações são gêmeas dos prazeres)

Sou um grão de areia na imensa praia de águas claras
Um garimpeiro do acaso(a mais rara das pepitas)
Sou urso, que de mel se embriaga

Quando é para sentir, escuta-se o silêncio das paredes
A natureza, que domina a linguagem dos sinais

Basta a gente se envolver com os feitiços:
Mar(bálsamo).....balsamar
Manhã, nuvem...............veludo
Lua
Noite, festa, paz

29-04-2012

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Touros e toureiros

Que sejamos ingênuos somente na poesia
Ela, quase tudo, admite

Sistemas econômicos organizados são como pitbulls
Quando atacam, visam a jugular

25-04-2012

segunda-feira, 23 de abril de 2012

sábado, 21 de abril de 2012

Prefácio

Vou lhe guardar
Como um marcador de páginas

Dentro de um livro de aventuras

Uma folha de laranjeira de próprias vontades
Com perfume da mata em si

Que, se quiser
Viaje pra longe da solidão dos capítulos sem sal

Quem sabe, antes do epílogo

Você se apaixone por algum personagem
Que tenha algo de mim

21-04-2012

El Ateneo
Buenos Aires
Fotografia, jlcalliari

sexta-feira, 20 de abril de 2012

20:30h

A cidade é um formigueiro insano
Destilados transbordam dos dosadores
Precipitam-se para dentro dos copos em direção ao gelo

Tem jeito de anos setenta a bolsa que a menina carrega
Na leveza de seu andar, a batida do meu coração se entrega

Pés desnudos, sua pele invade meu sonho
Parece que a pressa das ruas me acalma

Atende a súplica da alma
Por um trânsito menos medonho

20-04-2012

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Zarcillos

Anuncia-se a harmônica por detrás dos rochedos
Dylan entoa blues e baladas

Aos poucos
Deseja-se morrer

Renascer
(just early in the morning)

Arma-se o palco para a cerimônia cigana

Balançam sedas e pingentes de prata

Imã é o batom vermelho nos teus lábios
(Ode ao momento)
Juras de pele

Olhos são como tochas na mata

Serei caçador de ti

Nestas noites
Até nunca mais alvorecer

19-04-2012

terça-feira, 17 de abril de 2012

Plasmodesmos

Marta era uma mestra
Apaixonada por biologia
Precisava de novos ares
Sentia a alma vazia

Entrou na ronda dos bares
No perder e ganhar da boemia

Reencontrou um ex-aluno
Ambos carentes, velas ao mar!! Com benção de Netuno

Sedutora, carismática, ousada...
Para a sociedade, persona non grata

A quem interessa, se Marta é ou não feliz
A essa gente, que rotula mas não se trata?

17-04-2012

domingo, 15 de abril de 2012

Pelo "pão"

No bocejar das horas escasseiam os pássaros
Solta seu canto trinado a carruíra, enquanto vasculha o depósito de lenha

Como não encontra alimento, detém-se frente à porta

Os meus, como seus olhos, navegam ao ritmo da chuva
O minúsculo ser caça pela vida dos seus

Penas molhadas, bico cheio
Alça voo em direção ao ninho

O brinde ao crepúsculo virá com a  melancolia das tardes

15-04-2012

sábado, 14 de abril de 2012

Oásis

À noite, a cidade baixa bota pelo ladrão
Ali, onde os vampiros do concreto não sugam
Tem-se prazer em ser resgatado

Quem encontra, vive se perdendo
Embalados pela música das tabernas

Longe dos telefones, dos subterfúgios
Dos bairros mapeados pelas frescuras

Despojados, nos esconderijos
Ressuscitam os amantes

14-04-2012

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Pequeno canto

É mesmo bom saber de ti
Andava eu a esmo, Bem-te-vi

13-04-2012

Tomara

Quero que a natureza chore
Levo no peito samba como remédio
Blues pra espantar o tédio

Se chover você, eu vou sair sem guarda-chuva

13-04-2012

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Cereal

Prantos, alegrias
Lançam âncoras as paixões em mar de calmaria

Abrem-se as janelas, os jardins estão lá
Livres das gaiolas, pequenos pássaros sobrevoam o alpiste

Corações com asas, o da gente que vibra
(In)tensos, como cordas de viola

12-04-2012

domingo, 8 de abril de 2012

sábado, 7 de abril de 2012

Dos sinais gráficos

O til é um minúsculo tapete mágico de dupla nacionalidade:
Quando sobrevoa a consoante "ñ", ele é castelhano
Quando sobrevoa uma vogal, ele é português

07-04-2012


Viktor Vasnetsov, O tapete voador (1880)
Clique com o lado direito do mouse, para abrir o quadro em uma nova guia.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Luz no diafragma

Enquanto ela desce a ladeira, a brisa sopra faceira

Seu vestido em aquarela
Dança pelos contornos da praça
Atiça as fantasias dos porteiros
É a manhã em estado de graça

Momento eternizado num flash
Memória acostumada à rotina
Um brinde à passarela do bairro
Onde a bela se mostra felina

03-04-2012

domingo, 1 de abril de 2012

Cascata

Embrenha-se o veículo pelo túnel de plátanos, abandono retrovisores
O bagageiro está lotado de palavras, embora revisado antes da partida

Vocábulos, carregados de verdes esperanças, nascem na rodovia
Há uma metamorfose a cada curva

Eu te avisto ali em frente, mesclada à paisagem
A cada centímetro, eu me desalinho

Deixei a tristeza nos espelhos, junto às burras vaidades metropolitanas

Esta enciclopédia com pés de borracha transforma-se em Pierrot da natureza
Agora, eu sou água em queda livre

01-04-2012

Texto pobre

Quando, depois de "mulher bonita", há somente o ponto final

01-04-2012