sábado, 29 de dezembro de 2012

Das invejas e mágoas

Às vêzes, inventa-se  uma certa inveja, vinda dos outros
Para justificar uma latente mágoa, enrustida em si mesmo

29-12-2012


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Gula

Embora estivessem empanturrados, queriam mais, mais e mais...

Não bastasse, mostravam-se pedantes os "connaisseurs" em gastronomia,
aliados aos pomposos enochatos, digladiavam-se em conversas sem sentido

O chefe de cozinha pensou que era hora,
preparou pão francês, recheado com banha de porco e palha de aço

Foi alardeado e servido como especiaria

Exótico! Exótico!
Era o brado que vinha do salão

27-12-2012


sábado, 22 de dezembro de 2012

Nove milhões de dólares

Depois de acertar na mega sena, escrever lhe cansa
Pensa que inspiração é coisa de pobre

Pobre cabeça

22-12-2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Listinha (para entregar ao Papai Noel)

a) (Des)ordem no meu interior, porque paz mundial é utopia
b) Livros e discos
c) Um sistema menos perverso
d) Polpudos lábios vaginais, que remetam meu pensamento à bolinha de sorvete na casquinha, sem pazinha.

*Cada ítem, deve (incondicionalmente) trazer consigo o ítem "d".


19-12-2012

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Norte

Vou remando na minha canoa
Na sorte de topar com uma aurora boreal

Se navego dentro de mim
Você lá está

Então rumo ao meu encontro
Independente do seu destino

18-12-2012

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

domingo, 16 de dezembro de 2012

Dos básicos saberes

Se você não é apicultor, não mexa com abelhas africanas
A não ser que você seja da opinião, de que vale a pena correr o risco

16-12-2012

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Leveza do fardo

Uma pilha de livros no baú da sala
Um show musical na tela

Um par de tênis que não aperta

Um violão caminha pela casa

Hoje, se puder
Não faço mais nada

Nem mesmo um poema

11-12-2012

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

domingo, 2 de dezembro de 2012

Antes e depois II

GRE-nal.................................gre-NAL

02-12-2012 ....Último e histórico jogo, pré-implosão do estádio olímpico.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Das aptidões

Vampira(o) que se preza, não joga confete
Chupa sangue e faz boquete

01-12-2012

Conjunto dela

Sapato cor de areia na minha praia
Combinando com a preta de rendinha
Quero que, o mundo de inveja caia
Pra saudar minha rainha

01-12-2012

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Comboio de Utrecht

Sextas e sábados  à la Otis Rush
Sair da cidade, entrar em bares que margeiam ferrovias

Eles dizem que é somente um jogo, uma proposta
Eu não sei o que é o amor
Nem procuro uma resposta

Espero o apito da fábrica, vou no primeiro trem
Não viaja dor nesse comboio
Nem é tristeza que me afasta

Quando a brisa da tarde se cala
A voz da noite é quem me arrasta

30-11-2012

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Segunda-feira III

A segunda-feira
Deveria imitar o domingo

Aparecer lá em casa
Como quem nada quer

Tomar seu café na cama
Mudar de nome

Em vez de Dia
Seria Mulher

26-11-2012

domingo, 25 de novembro de 2012

A cereja dos domingos

Das dezoito às vinte e trinta horas
A melancolia atinge múltiplos orgasmos


25-11-2012

Equação

X = Ansiedade + Pressa
Y = Indecisão

X + Y = Momento não

25-11-2012

?(Predadores)

É inútil, surfarmos nas ondas da indiferença
Somos um livro esquecido, onde as palavras se ausentaram
Porque cansaram de nos definir

Dependemos de uma porta
Que nos liberte do nosso interno labirinto

Sonhadores é o que somos,  temos infinitas perguntas
Mas as respostas nos esnobam

25-11-2012




sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Semear

Quem ama (ou amou) sabe

No time da faculdade não há professor
Que domine a matéria do amor

Despedir-se do barco que sai para o mar
Abençoar as velas, navegar no colo do vento
Servir no topo do mastro como sentinela

Como doi o peito
De quem tem amor pra dar jeito


23-11-2012

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Devolva-me

Se você me encontrar
Por favor, devolva-me

Perdi-me na busca
Tornei-me servo de canções
De poetas, vagabundos que trabalham

Muito facilmente, perco-me
Quando você me encontrar
Devolva-me

16-11-2012

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

sábado, 10 de novembro de 2012

Jabuticabas

I
O domingo lamenta-se
Parece um cantor andaluz

Na cidade não rola jazz
Tampouco jam sessions de blues

II

De repente, ela chega
Tão linda
Que o dia pede perdão

Olhos cor da jabuticaba madura
Veste jeans,  salto alto
Pele de seda pura

III

Traz no peito
A quietude da mulher inquieta

Seus desejos alimentam versos
Para que a noite descortine-se em festa

10-11-2012



quinta-feira, 8 de novembro de 2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Alberto e os girassóis

Alberto não suporta que adocem seu café

Tomado de gentilezas
Joga algumas sementes de girassol no jardim do vizinho

Ele não sabe
Mas o vizinho detesta girassóis

07-11-2012

Nevoeiro

Toque a cortina! Apareça na janela!
Está pronta tua alegoria
Abra as pálpebras!
Assim, revelas as cores do dia

Venha, senhor Amarelo
O filho de um pássaro está por nascer
Dentre os astros, o mais belo
Se és rei, aquece-o com teu jeito de ser

07-11-2012

domingo, 4 de novembro de 2012

Mídia

Uma nave extra-terrestre aporta aqui
Como se fosse um circo, seus tripulantes vagam de cidade em cidade
Querem transformá-los em celebridades

Preferem fugir para outro planeta
Consideram-se artistas, de verdade

04-11-2012


Breves traduções

Me deixa..............Me beija
Me chama.................Me ama

Me abraça, quer dizer: Não sei

Tô com dor de cabeça............Não tô a fim
Deixa de frescura!..................Vai carpir uma horta!

04-11-2012

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dos mestres

No ginásio (ensino fundamental), quase todo professor ganha um apelido.
Lembro muito bem do geadinha, assim chamado  por causa de seus cabelos grisalhos.
Foi dele a observação, em classe, de que eu era íntimo das redações. É claro, encabulei.
Apreciávamos a riqueza de seu vocabulário. Com o passar dos anos, passamos a admirá-lo por sua humildade, cultura e sabedoria.

Ao contrário de outros mestres, jamais foi indelicado, sem deixar de ser severo (quando necessário).
O que ele não disse, era que eu teria de conviver com o medo--permanente--de ser abandonado pelas palavras.

02-11-2012

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Desde a placenta

Enquanto nadamos
Contra e a favor da correnteza

Aconselha-se
A tirar o melhor proveito desta vida

Procurando nela a Beleza
Mesmo que esteja escondida

26-10-2012

Fotografia, jlcalliari



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Raptor

O Rio de Janeiro atrai muitos amores
Outros tantos conquistará

O que tem ele, que eu não tenho
Nem carece perguntar

Tenho ciúme desse Rio
Seu carisma é tanto que me aflige

Chama as musas para perto
Deixa o ponto de interrogação no meu cabide

Quem sabe, um dia eu me mude pra lá
Inspire-me
Onde Vinícius de Moraes escrevia, de punho

Só não sei se vai dar certo

O Rio é de Janeiro
Eu sou de junho

24-10-2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Poemagma

Vem queimando as veias
Em erupção

Meu sangue se parece com um "morreria, ainda bem que não"
Traveste-se de felicidade, até que resfrie

23-10-2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Dó, ré, mi e tem Sol

Ao volante é que chegam a mim pequenos receios

Assisto o filme de minha memória no para-brisa
Ladeado por um colorido natural, que engole o asfalto

Por segundos, os retrovisores concedem-me o perdão

A magia , que vem do rádio, devolve-me à realidade
Então, eu me pergunto:
De que planeta vieram certos iluminados compositores?


19-10-2012


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Hábitos I

Sem palhaço
Pipoca

Arte, pimenta

O circo humano
Não se sustenta

17-10-2012


Tudo bem

Pra me machucar
Vieram me contar
Que tens alguém
E eu, tudo bem
Mentira

Pra te esquecer
Vieram me dizer
Que tuas pernas
Outras entrelaçam
Que tuas coxas
Roçam outros pêlos
E eu, tudo bem
Mentira

Pra me resgatar
Vieram buzinar
Que despertas com alguém
Amas esse alguém
E eu, tudo bem
Mentira

Vieram me matar
Que isso não se faz
Que sou geminiana
Que tenho vinte e poucos anos
Que quero ser feliz

Que saudade é vão
Dentro de abismo
Dentro de outro vão
Dentro de mim, vazia
E eu , tudo bem
Mentira

17-10-2012

domingo, 14 de outubro de 2012

Classificados

Troca-se
Uma tarde de domingo 

Por uma migalha de vontade na segunda-feira.

14-10-2012

Traços da noite

Na penumbra
As curvas do violãozinho remetem à escala musical

Ousa-se
Pela fresta da persiana uma nesga de luz

É quando
Seu corpo deixa escapar um último Lá (maior).

14-10-2012


sábado, 13 de outubro de 2012

Poema singelo

Minha visão de mundo
É a mesma que você sonha
Sem correrias medonhas
Nem egoísmos profundos

Nada mais nos toca
Quem sabe, um novo planeta, novo sistema
Talvez, voltar para as ocas

Aqui, é agora!
Competição e consumo
Adulto não é criança
Por isso, não muda o rumo

12-10-2012

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Nadiesda

Certos nomes, quando concebidos
São envoltos em delicados mantos

Talham-se para o sussurro ao pé do ouvido

É como se a pluma de  uma rara ave
Ousasse um passeio atrevido pelo corpo

Cada  letra pronunciada

Corresponderia, da pele
A um arrepio

11-10-2012

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A des(h)armonia das coisas

O céu  está repleto de nuvens indecisas
A grama, as árvores, as flores permanecem tímidas
O coro de bem-te-vis parece fora de tom

Mas como, não é primavera? (pergunto eu)
O allegro de um sabiá, em dissonância com a natureza, responde:
"Abra o coração, nós lhe revelamos o poema"

09-10-2012

domingo, 7 de outubro de 2012

Roda de chuva

Banho na rua é como roda de samba que acontece de improviso
É atrasar a saideira

Esquecer o relógio a semana inteira
Pra se encantar com um sorriso

07-10-2012

Coffee (with brandy) break

I

She walks around the Blues corners
It hurts her every step

II

She smiles, she fakes
But doesn't go back to the cage


III

To your arms
To your flaps

07-10-2012

Fotografia, outubro de 2016

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Monólogo

Essa coisa, de traçar objetivos...
Não sou eu, quem dá ritmo às horas

O dia percebe, eu sigo adiante
Do jeito dele

05-10-2012

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Desvairados

Feito faca, o grafite risca a prancheta
A cabeça viaja para longe da sala de projetos

O mundo pulsa lá fora, a fábrica parece um presídio
Como são desvairados os sonhadores
Como são sonhadores os trabalhadores...

02-10-2012

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

domingo, 30 de setembro de 2012

Lua de colheita

Minha Minolta X-300s (analógica) quer dançar com sua Nikon D3200

30-09-2012

Carta I

Nada de extra
existe nas linhas que desenho

Tudo de que falo
tu já sabes

Queria que fosse em papel de carta
então haveria uma novidade

Por ocasião da leitura
as tuas mãos tocariam as minhas

30-09-2012



sábado, 29 de setembro de 2012

Mar de calmaria

Não me levou com ele, o barco que passou pelo coração
Fiquei falando com o vento, pouco antes da rebentação

Ao sabor das marés, aguardo
Quando a névoa das tuas serras dissipar-se, venhas conhecer a minha face
Queimada de sol

29-09-2012

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

terça-feira, 25 de setembro de 2012

sábado, 22 de setembro de 2012

Toca-discos, em breve

Eu tenho um toca-discos que funciona
Que mundo velho, esse novo

Deve haver uma porta, que abra para um céu despoluído

Sinto cheiro de anos setenta no ar
Teu corpo está coberto pelas flores estampadas no vestido
Bomba o amor nos acampamentos e bares
Do teu ventre nascerá um pacifista

22-09-2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Falso desamparo

As ruas do bairro não presenteiam-me com versos

Então, eu me recolho
Não há imagem que me atraia

As árvores do parque estão mais para o cinza
Já vai tarde o frio e não há borboletas
Parece que, os pássaros aliam-se a uma certa timidez

O que me desperta para o mundo, liberta-me
É o mistério por baixo das saias coloridas
O som do galopar dos saltos altos nas calçadas

Ah, meu coração cigano...
Rouba o pouco que resta (em mim) de sensatez


18-09-2012




Balcão, prateleira e caixa

Na feira livre do dia
A palavra amor como mercadoria

18-09-2012

terça-feira, 11 de setembro de 2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

domingo, 9 de setembro de 2012

Bolinho de chuva

Mesmo que você sele os ouvidos
Ao rufar dos tambores
Haverá uma janela no vestido
Aberta a seus chamados interiores

Mesmo que  você negue acesso
Às entradas de seu cais
Serão cicatrizes suas feridas
Quando , na cama, você pedir mais

Mesmo que nunca aconteça
Que pela sua cabeça
O amor jamais tenha passado

Ouvir-se-á o eco nas esquinas
Respondendo ao seu amado

Mesmo que apaguem-se as luzes
Dos  refúgios mais seguros
Você seguira poetas e cegos
Porque ambos enxergam no escuro



09-09-2012

domingo, 2 de setembro de 2012

Entre peles

Quem dera, o acaso nos brindasse
Com uma rara conspiração de estrelas

Ambos envoltos em camufladas ansiedades
Olhos no encalço dos olhos
Gestos mesclados ao eminente rebuliço

Uma desnecessidade de palavras
Os pilotos, esquecidos do relógio
Ligados no automático dos corpos

Depois, no bocejar da alvorada
..............................o aconchego

02-09-2012

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Lebres

Um trem perde os freios, descarrilha campo adentro
Como se fosse um míssil teleguiado

As lebres não se abalam, a comida é farta
Pastam por toda vida, sem reação, mesmo que o trem as atropele

31-08-2012

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

domingo, 26 de agosto de 2012

Humildades

Algumas pessoas
Gostam de dinheiro em espécie

Algumas pessoas 
Gostam de diamantes brutos e lapidados

Poetas também gostam
Estamos (humildemente) empatados

26-08-2012

sábado, 25 de agosto de 2012

Diz

Que os dias frios agonizam
Que a vida é valorosa, diz

Meu bem, diz que rumamos ao nosso encontro
Apesar das frases mudas, nosso leito está pronto

Que mesmo sem querer
a poesia lhe traduza o que pra mim ela nega

Que existe uma enseada, onde nosso barco sossega

25-08-2012

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

sábado, 18 de agosto de 2012

Sagrado

Notícias do bem querer pintam o céu com as cores da Portela
No rodar da saia do bem querer nasce a brisa de verão que passeia pela casa

Voz de bem querer amansa tempestades, é dia que vai dar praia
Jeito de bem querer da gente é brinde de ano novo

18-08-2012

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Professora

Se você surfar na maionese
Vai rolar nosso cantinho

Sendo exemplar na catequese
Idealizar em mim seu garotinho

15-08-2012

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Traços

Pinceladas sobre tela 


São palavras


Que preenchem


O (des) colorido 
Do silêncio 


 14-08-2012

Pluviometria

Abandona a cidade a falsa primavera
Negras nuvens trazem chuva, para lavar conformismos

Pedrão do Céu anda (deveras) ocupado
Cérebros viajam na Suíça, alucinados

Na minha rua, sabiás fumam um baseado
E o mundo segue, globalizado

14-08-2012

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Não por acaso

Se você não percebeu
uma certa doçura no lamento
é porque houve sonegação de sentimento

13-08-2012

sábado, 11 de agosto de 2012

Pestana

Não sei

Talvez
Eu tenha sido encomendado na hora da siesta

Fato é, assim o sanfoneiro me chamava

11-08-2012

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

DúViDa

"Play"......................"Pause"......................."Off"

03-08-2012

Das minorias

O domínio do idioma local, pode ser um instrumento de defesa pessoal
Quando você não leva petulância alheia pra casa

03-08-2012

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Senhores das balas

Não foi bala perdida
Tinha remetente, usava terno e gravata

Da cabeça da morena
Na saída de um Banco
Um tiro, vindo de Brasília
Não sentiu a menor pena

Vinte e dois anos
Apesar de linda, não era a mulher maravilha
Como sobreviver, sem super poderes
Aos disparos de Brasília?

Se, nada muda pelo voto
E, ele nulo causa dores
Quem sabe, um dia,  as balas voltem
Ao berço de seus senhores

01-08-2012

domingo, 29 de julho de 2012

quarta-feira, 25 de julho de 2012

domingo, 22 de julho de 2012

Carona noturna

Bentas madrugadas, vontade de se perder por aí
Vem o desejo de que retardem as primaveras

O corpo (quase inteiro) permanece -- ad eternum -- nos bares
O resto dele viaja na cabine do Expresso Oriente, dançando um blues

A gente é como aquela folha de plátano regida pelo vento

22-07-2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

Samblues

O blues é a cara do samba
Assim a mãe África quis
Regou a raiz com o mesmo sangue
O mundo se fez aprendiz

O peito de ambos é como a brasa
Brilha na escuridão
Basta um acorde de guitarra
Uma batida da percussão

Do negro berço aos palcos
A simplicidade embala, seduz
Disfarçada na cadência de um samba
Quiçá no lamento de um blues

Samblues forma um casal, música que gente dança coladinha
Ama, separa, aprende a superar a dor
Enquanto um pede passagem, o outro volta de viagem
Nas encruzilhadas da vida, o acaso do amor

17-07-2012

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Observação do Vazio

A ironia é necessária, como uma chave de fenda.

16-07-2012

...noção

Uma dama muito fashion, cheia de luz
Rebelde, ultra moderna

Que estaciona o carro em vaga de deficiente físico
Não recolhe da rua as fezes do cachorro

Xinga o passante, ameaça o segurança com processo
Ela é o maior sucesso, um mimo de sedução

Uma dama delicada que nunca pede socorro
Totalmente Zen...

16-07-2012

sexta-feira, 13 de julho de 2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Teto

Chuva sobre telhas francesas
Taças de vinho na mesa

Versos jorrando na calha
Cozinha, peça nobre da casa
Beijos, que a noite agasalha
Imaginação, alimento com asas

12-07-2012

Vapt-vupt de rua

Mão na sombrinha
Pés na calçada
Uma breve dançadinha
Tarefa acabada

12-07-2012

domingo, 8 de julho de 2012

Pausa infinita

O sol vem lamber minha pele
Sua saliva dourada agasalha mais que cobertor de pura lã

Vaidosos ipês admiram-se nos vidros espelhados dos edifícios
Buscam afirmação, como a dizer: "A natureza é soberana"!

Hoje no parque, não cabem guitarras, saxofones ou acústicos violões

Antes do aguardado crepúsculo, muito menos o alerta de um grito cabe
Compreendo aquele iluminado cearense, quando diz ser ele o infinito

08-07-2012

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Peyote

De champagne, vinho, imaginação
Tequila, absinto, poesia
Ilusão

De suas virtudes, tome hemorrágicos porres
Mergulhe na música, crie seu mescal

Antes de adormecer e ao despertar, questione seu relógio
Diga que você não é refém

05-07-2012

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Bananas

Uma banana pra porra da verdade
Sobre a existência, a (in)utilidade humana

A gente tira o peso de cima da vida, ela nos joga pro alto
Não tem outro jeito, as quedas são partes do jogo

04-07-2012

terça-feira, 3 de julho de 2012

Pianutopia

Mudou-se
Levou na bagagem a alegria do bairro

Nas noites de bar, o piano gozava da carícia de seus dedos

União de veludo e marfim

Samba, blues, jazz
Até o sino da igreja acusar seis da manhã

Quis segui-la para o norte
Ele era incapaz de ler nos úmidos olhos dela:

"Não me acompanhe, minhas mãos não deixam rastros"

03-07-2012

Fotografia, dezembro de 2014

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Pousos e decolagens

Era uma vez um verso, ele vivia na cela do ninho
Até lembrar-se que era filhote de passarinho...

02-07-2012

terça-feira, 26 de junho de 2012

Imaginatione

Invisível fonte
Teus sorrisos, tuas cores são borbulhares

Sob as cascatas--tuas filhas-- banham-se passantes
Taxados de loucos por todos lugares

26-06-2012

domingo, 24 de junho de 2012

À la Kerouac

Despetalou-se você
Mal se quer
Bem me quer

O corpo da flor, aos pedaços gemia
Entornava no quarto a poesia
Dos eternos segundos de dor

24-06-2012

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Pacote pesado

Descobri que, computador é um ser pensante
Pesamos toneladas frente à tela

Se deixarmos, ele nos embrulha pra presente
Hoje, não vou encher o saco do meu computador

21-06-2012

Das centelhas de cada um

O zangão apaixonou-se pela joaninha
Pra desgosto da rainha, que desejou não ser abelha

A joaninha caiu de amores pela rainha
Pra tristeza do zangão, que ficou fora da telha

21-06-2012

terça-feira, 19 de junho de 2012

segunda-feira, 18 de junho de 2012

F2, quase F3

Jaz a casa (decapitada)
Terror na face do pescador

O tempo é carpinteiro
Vida é feita no punho
Com sorte, caneta-tinteiro e um furacão de rascunho

"Catarina", segundo a NASA
O primeiro na América Latina

março de 2004

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Pergunta de Rochedo




Ó, mar

Porque te zangas
Se dentro de ti vivem sereias ?


Se esparramas
Sonhos nas areias


Se sou a escura prata que te adorna


Ó, mar


Porque te zangas?

Se a lua cheia é quem abranda tuas formas




15-06-2012



Fotografia, jlcalliari

















quinta-feira, 14 de junho de 2012

Minotauro

Lá está a besta, senhor cidadão
Fura-fila de guichê na agência lotérica

Toma a frente da senhora idosa

Vai acertar na mega-sena (uma bolada)
Continuará (deseducadamente)......rico

14-06-2012

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Paralele _ _ _ _ _ _ _ _ pípedos

Quando me ocorre
Que a magia das horas nasce morta
Recolho-me ao mar dos pensamentos

Água lapida arestas, é namorada do tempo

Uma a uma, no encaixar das pedras tortas, percebo
Vai se formando o pavimento

13-06-2012

quarta-feira, 6 de junho de 2012

domingo, 3 de junho de 2012

Em sonho e fantasia

Tanta era a poesia na minha pele, teus negros olhos escreviam
Tantos mares, ventanias

Tão pobre de carinho andava eu
Que por tolice, eu pensei que fosses minha

03-06-2012

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Àquela dama

Uma frase, notícia dela basta
Para o bem-te-vi cantar em prosa

Traz consigo a poesia que dança de ventre
Entorpece

Sou criança saltando sobre colchão novo
Brinco de brigar de travesseiro

Ela chega sem alarde
Enquanto vou empilhando letras pelo mundo

01-06-2012

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Profundidades matinais

Olho para o fundo do copo de requeijão e reflito:
Não preciso ser brilhante, preciso ser meus eus

28-05-2012

domingo, 27 de maio de 2012

Maçã mordida

Navegas nos mares das polpas
Bicho do meu apreço
Mensageira das manhãs

Sou fogueira de junho
Na tarde, adormeço
Homem passado a limpo

Anoiteço em brasa
Até os cílios da tua madrugada
Pesarem de tanto querer

27-05-2012

terça-feira, 22 de maio de 2012

Tempo

Sinto o tempo no cinto

22-05-2012

Estiagens e cheias

Não se explica o amor
Ele nasce fonte, deságua mar

A poesia não é cúmplice dele
Ela é arte
Bálsamo para as chagas

Somos as rachaduras na terra árida, as folhas na correnteza do rio
Os peixes que lutam contra ela

22-05-2012

domingo, 20 de maio de 2012

Lente

Ao confrontar-me com uma palavra do meu gosto
Ela se torna uma rainha
Um certo amor  ascende-me

Bela, luminosa fonte
Grande angular
Amplia meus horizontes

20-05-2012

sábado, 19 de maio de 2012

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Camuflagens

Caem máscaras à meia-noite nas portas de Paris
De mãos dadas, peste e cura rondam a cidade

Meu corpo nunca esteve ali no cadafalso
Talvez, a alma como um aríete invista sobre os portões da cidadela

Quando amanhece, nada se passa
São invisíveis as portas de Paris

18-05-2012

domingo, 13 de maio de 2012

Poemãe ( Despedidas)

Ainda vejo sua face
Uma lágrima pronta pra seguir a outra, quando o ônibus partia

Ela era como a estrofe de um blues
Que fica ecoando nos alto-falantes das estações rodoviárias
Todas suas alegres e tristes aflições

A outra parte da canção, o refrão
Ia comigo pra capital, vive dentro de mim junto com ela
"Procure ser feliz, meu filho"!

13-05-2012

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Sublimitate

Veja a cerejeira


O tom do verde depois da chuva
Natureza que abranda luto

Repare na cor da terra
Se ela puder escolher, prefere paz
Em vez da guerra

A gente procurando pela cura
E ela sentada na areia, olhando o sol se pôr

11-05-2012

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Só aqui

Sessão SECRETA de CPI

10-05-2012

Pausa de si

Ela senta no vaso sanitário, ensaia uma pose inspirada no pensador de Rodin.

Um pavimento acima, a descarga da privada abafa o ruído do tráfego.

"Meu pai no sanatório, nunca fez mal a uma formiga", é tudo o que ela pensa

"Não deveria ser desse jeito", lamenta

Anseia pela hora da mudança.

Pela linha do Equador, pelos olhos do mar.

A lutadora ainda respira

10-05-2012

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ter a Pia

Os trovões das candidatas às prefeituras das metrópoles nos põem insanos
Porém, botecos são acústicamente isolados

09-05-1012

terça-feira, 8 de maio de 2012

sábado, 5 de maio de 2012

terça-feira, 1 de maio de 2012

Otário brasileiro

Paga as contas e se ferra
Honesto senhor, bom caráter
Com os impostos você se arrepia
Nasceu aqui, entrou numa fria

Na política, só serpente
Gente vivendo de sujo trôco
Você pensa que está louco

Bem-vindo ao lar doce lar
O último golpe rola na tela
Tranca o rango no bucho
Ou vai vomitar na janela

Volta quietinho pra sala
Manda os filhos pro quarto
Amanhã será um novo dia
Vai trabalhar! Vai Votar! Vai pagar o pato!

01-05-2012.....Dia do trabalho

domingo, 29 de abril de 2012

Pele riscada

Delicio-me com cantos escritos
Verbos espadas(suas terminações são gêmeas dos prazeres)

Sou um grão de areia na imensa praia de águas claras
Um garimpeiro do acaso(a mais rara das pepitas)
Sou urso, que de mel se embriaga

Quando é para sentir, escuta-se o silêncio das paredes
A natureza, que domina a linguagem dos sinais

Basta a gente se envolver com os feitiços:
Mar(bálsamo).....balsamar
Manhã, nuvem...............veludo
Lua
Noite, festa, paz

29-04-2012

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Touros e toureiros

Que sejamos ingênuos somente na poesia
Ela, quase tudo, admite

Sistemas econômicos organizados são como pitbulls
Quando atacam, visam a jugular

25-04-2012

segunda-feira, 23 de abril de 2012

sábado, 21 de abril de 2012

Prefácio

Vou lhe guardar
Como um marcador de páginas

Dentro de um livro de aventuras

Uma folha de laranjeira de próprias vontades
Com perfume da mata em si

Que, se quiser
Viaje pra longe da solidão dos capítulos sem sal

Quem sabe, antes do epílogo

Você se apaixone por algum personagem
Que tenha algo de mim

21-04-2012

El Ateneo
Buenos Aires
Fotografia, jlcalliari

sexta-feira, 20 de abril de 2012

20:30h

A cidade é um formigueiro insano
Destilados transbordam dos dosadores
Precipitam-se para dentro dos copos em direção ao gelo

Tem jeito de anos setenta a bolsa que a menina carrega
Na leveza de seu andar, a batida do meu coração se entrega

Pés desnudos, sua pele invade meu sonho
Parece que a pressa das ruas me acalma

Atende a súplica da alma
Por um trânsito menos medonho

20-04-2012

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Zarcillos

Anuncia-se a harmônica por detrás dos rochedos
Dylan entoa blues e baladas

Aos poucos
Deseja-se morrer

Renascer
(just early in the morning)

Arma-se o palco para a cerimônia cigana

Balançam sedas e pingentes de prata

Imã é o batom vermelho nos teus lábios
(Ode ao momento)
Juras de pele

Olhos são como tochas na mata

Serei caçador de ti

Nestas noites
Até nunca mais alvorecer

19-04-2012

terça-feira, 17 de abril de 2012

Plasmodesmos

Marta era uma mestra
Apaixonada por biologia
Precisava de novos ares
Sentia a alma vazia

Entrou na ronda dos bares
No perder e ganhar da boemia

Reencontrou um ex-aluno
Ambos carentes, velas ao mar!! Com benção de Netuno

Sedutora, carismática, ousada...
Para a sociedade, persona non grata

A quem interessa, se Marta é ou não feliz
A essa gente, que rotula mas não se trata?

17-04-2012

domingo, 15 de abril de 2012

Pelo "pão"

No bocejar das horas escasseiam os pássaros
Solta seu canto trinado a carruíra, enquanto vasculha o depósito de lenha

Como não encontra alimento, detém-se frente à porta

Os meus, como seus olhos, navegam ao ritmo da chuva
O minúsculo ser caça pela vida dos seus

Penas molhadas, bico cheio
Alça voo em direção ao ninho

O brinde ao crepúsculo virá com a  melancolia das tardes

15-04-2012

sábado, 14 de abril de 2012

Oásis

À noite, a cidade baixa bota pelo ladrão
Ali, onde os vampiros do concreto não sugam
Tem-se prazer em ser resgatado

Quem encontra, vive se perdendo
Embalados pela música das tabernas

Longe dos telefones, dos subterfúgios
Dos bairros mapeados pelas frescuras

Despojados, nos esconderijos
Ressuscitam os amantes

14-04-2012

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Pequeno canto

É mesmo bom saber de ti
Andava eu a esmo, Bem-te-vi

13-04-2012

Tomara

Quero que a natureza chore
Levo no peito samba como remédio
Blues pra espantar o tédio

Se chover você, eu vou sair sem guarda-chuva

13-04-2012

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Cereal

Prantos, alegrias
Lançam âncoras as paixões em mar de calmaria

Abrem-se as janelas, os jardins estão lá
Livres das gaiolas, pequenos pássaros sobrevoam o alpiste

Corações com asas, o da gente que vibra
(In)tensos, como cordas de viola

12-04-2012

domingo, 8 de abril de 2012

sábado, 7 de abril de 2012

Dos sinais gráficos

O til é um minúsculo tapete mágico de dupla nacionalidade:
Quando sobrevoa a consoante "ñ", ele é castelhano
Quando sobrevoa uma vogal, ele é português

07-04-2012


Viktor Vasnetsov, O tapete voador (1880)
Clique com o lado direito do mouse, para abrir o quadro em uma nova guia.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Luz no diafragma

Enquanto ela desce a ladeira, a brisa sopra faceira

Seu vestido em aquarela
Dança pelos contornos da praça
Atiça as fantasias dos porteiros
É a manhã em estado de graça

Momento eternizado num flash
Memória acostumada à rotina
Um brinde à passarela do bairro
Onde a bela se mostra felina

03-04-2012

domingo, 1 de abril de 2012

Cascata

Embrenha-se o veículo pelo túnel de plátanos, abandono retrovisores
O bagageiro está lotado de palavras, embora revisado antes da partida

Vocábulos, carregados de verdes esperanças, nascem na rodovia
Há uma metamorfose a cada curva

Eu te avisto ali em frente, mesclada à paisagem
A cada centímetro, eu me desalinho

Deixei a tristeza nos espelhos, junto às burras vaidades metropolitanas

Esta enciclopédia com pés de borracha transforma-se em Pierrot da natureza
Agora, eu sou água em queda livre

01-04-2012

Texto pobre

Quando, depois de "mulher bonita", há somente o ponto final

01-04-2012

sábado, 31 de março de 2012

Ao entardecer

Tivesse eu a chave da felicidade
Abriria a porta

Entraria no bar com ar de quem se perdeu

Cheiraria teu cheiro na minha mão
A mão que não é mais minha

Mão que se move sozinha
Muito mais sabida que eu

31-03-2012

quinta-feira, 29 de março de 2012

Que dor, Millôr.

29-03-2012

Feitiço

Sua beleza, senhora
Inquieta o menino que com o mistério namora

Por isso, o menino não cresce
Docemente padece ao lhe ver indo embora

Encanta-se o homem, quando o menino lhe escuta
Parece trabalhador que labuta, fazendo carinho nas horas

29-03-2012

quarta-feira, 28 de março de 2012

Poema dos ( kkkkkk)s, dos ( hahahaha)s, dos (uhauhauhauha)s, dos(rsrsrsr)s e dos(iac! iac! iac!)s

Amamos políticos
São todos (sem exceção) honestos e competentes
Nos orgulhamos do Senado e da Câmara dos Deputados

29-03-2012

Marés

Será que essa onda volta
Será que fica por lá

Quem sabe encontre marisco
Carente de namorar

Mal outono se abriu
Partiu,  em busca de ilhas

Quer mar, quer suas armadilhas
Do mundo que ainda não viu

Será que essa onda volta
Será que manda mensagem

Numa garrafa, um bilhete
Anúncio de nova viagem...

28-03-2012

quarta-feira, 21 de março de 2012

Opostas no diâmetro

Palavra de político-------------------Inocência de uma criança, portadora de síndrome de Down.

21-03-2012

segunda-feira, 19 de março de 2012

sábado, 17 de março de 2012

quinta-feira, 15 de março de 2012

Mar agitado



Essa coisa no meu peito
Anda muito complicada
Por causa do teu jeitinho
Namoro agora a madrugada


Busco palavras na noite
Sobram rascunhos, papéis amassados
O corpo mal dormido
Acorda meio mareado


Versos piratas
Inundam meu convés
Nos olhos teus, minha bússola
A poesia,  a teus pés

15-03-2012

terça-feira, 13 de março de 2012

Pergamenós

Há quem entenda nossas alegrias, nossas dores

Apesar de percorrerem diferentes caminhos

Há quem sonhe os mesmos sonhos da gente

Talvez, eles também se embrenhem pelas morosidades do tempo

Aventurem-se nas gêmeas velocidades dos ventos

Embora oriundos de outros pergaminhos


13-03-2012

domingo, 11 de março de 2012

A pressa é inimiga do tesão

11-03-2012

Deixa a realidade pra mais tarde

Segunda feira, só se for depois da vírgula
O nome já diz: É de segunda
Até mar tá de ressaca
Não se faz feira nem pergunta

Na terça, sim! É o despertar dos profetas, dos covardes
O dia começa a partir da tarde

A quarta é do meio, uma nave semi-adernada
Quer saber se a madrugada
Ainda corre atrás do dinheiro

Quinta é cinco estrelas, categoria
Noite é dia
Um hotel, um bar aberto

Sexta feira, a gente é (no bom sentido) desonesto
Espera a percussão, para o dia seguinte nascer esperto

Nos sábados, deve-se perdoar quem trabalha toda semana
Quem é (in)fiel na cama

Saiu da chuva é pra secar

Domingos, a gente um pouco bebe, um pouco perde-se
Come a sobremesa ao luar

11-03-2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

Além dos brinquedos

Você tem todo direito
De beber de todas bicas

É livre pra embaralhar meu samba
Esquecer sua natureza
Frequentar qualquer pagode
Curtir banda de rock
Tirar onda na nobreza

Finalmente, você sabe distinguir
Se é ou não um mito
A fantasia de encontrar
Seu peguéti favorito

Pode adorar seu próprio santo
Voltar chorando, sorrindo
Com seu encanto ou desencanto

Se, apesar de toda sua astúcia
Sobrar somente seu cachorro e o bichinho de pelúcia
Antes que você me acuse, olhe-se no espelho

Se eu transito indiferente, sou de carne que envolve osso
Como toda insensata gente

09-03-2012

quinta-feira, 8 de março de 2012

Canção das violetas

Há na casa uma caixa encantada(com uma pequena, misteriosa lâmpada embutida)

Há um segredo que é revelado
Sempre que se abre uma portinhola

Ao som de "La violetera", a senhora pergunta ao garoto:
"Gosta de vitrola"?

A resposta é tímida (um sim, com a  cabeça)
" Vai ter Bis" ! Diz a agulha pro prato

08-03-2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

Vulto

Quando soltas teu cabelo, quem olha com olhos meus
E vê a tela mais preciosa da galeria

Quem tu chamas, quando não dormes
Toca teu corpo, sopra veludo em teus ouvidos

Quem alisa tuas mãos com minhas palmas
Quem é a cigana que te lê e me rouba a calma

Quem adormece, quando mentes
Acorda na madrugada pra olhar teu sono
Quem cuida de ti, mas não é dono

Nas noites, quando somes sem deixar o mínimo rastro
Quem pergunta: "Quando voltas"?

07-03-2012

O meu(vício) é ela

07-03-2012

Vinte minutos a pé

De cara, uma esmola
Na esquina um desfile
De crack e de cola

Os filhos poderiam ser os meus

Raiva, irmã da fome nas ruas
Matadouro na noite
Do Bom Fim ao Menino Deus

07-03-2012 *Bom Fim e Menino Deus são dois bairros de Porto Alegre.

domingo, 4 de março de 2012

De todas as épocas

Sonha-se com modestos jardins
Tratados com todo cuidado

Que a realidade, algo inédito e valoroso traria
Sonha-se com menos esnobes, menos pedantes

Em vez disso,
Achegam-se consumistas escravos, pobres de espírito Insignificantes

Sonha-se, a cada dia mais do que antes

04-03-2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

Arte

Fora dela
Quase não há janelas

02-03-2012

Estrada dos sentidos

A mim parece tão claro
Prefiro trilhas noturnas

Que venha a noite
Ser minha apimentada, louca
Doce namorada

Beijar-me a boca
Mostrar a estrada

Por ela
Guardo ternura

Quando anoitece
Sou seu eterno freguês

Por isso
"Vida longa à Insensatez" !

02-03-2012

****

"Algumas pessoas nunca enlouquecem. Que vida horrível elas devem ter".
(Charles Bukowski)


terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Cartomante

Você vai se trair, ganhar perdão, seduzir
Refletir, lembrar, mentir
Esquecer

Vai sair da casa que tanto ama
Abraçar causas perdidas
Desviar dos quebra-molas
Lamber suas feridas

Mudará de bairro, cidade, estado
Talvez, de país
Vai (des)amar seus ficantes, namorados
Tentar ser feliz

Você vai voltar senhora
Chorar, sorrir até não mais poder
Pode não ser, ou já passa da hora
Mas é o sentido de viver

26-02-2012

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Auf Malediven

Ganz langsam sinken die Malediven
Darunter leidet die Welt
Warum denn zu leiden
Wenn uns das Fressen nicht fehlt

25-02-2012

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Cores da Mangueira

O verde emerge de um falso abandono, como se no verão não fora percebido
Clamam pelo outono os Momijis
Suas folhas tem a tonalidade do vinho espumante rosado

"É somente um afago da natureza", sussurra a brisa do dia
Por vontade dela eleito, sou brindado com gotas de beleza
...................(Adereços para minha fantasia).........................

20-02-2012

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Poesia não é escada, não a confunda com silicone

19-02-2012

Estação Osvaldo Cruz

Fosse o samba acabar
Não haveria essa criançada, de mãos dadas com ela
Negras almas, azuis e brancas
A cantar vivas à Portela

Lágrimas benzendo o samba
Nunca vi coisa mais bela, feitiço colorido de amor
Eterna casa de bambas, minha Portela
Bálsamo pra tanta dor

19-02-2012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Vozearia

Manchetes de última hora:

Meu amor não vai embora!
Estou na maior farra!

Voltaram as cigarras!

16-02-2012

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Poema de algibeira

Você é o que eu posso
Dia de céu aberto
Pecado sem remorso
Prato predileto

Bálsamo pra dor
Toque que faltava
Fruto do lavrador
Complemento da noitada

Arrastão de rede cheia
Alegria do pescador
Canto da sereia
Machado do lenhador

Seda que não tenho
Taça do atleta
Lareira da sala
Sinal de alerta

Água cristalina
Pitada de vaidade

Brilho na íris da menina

Você é o charme  da minha cidade

15-02-2012

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Jogando conversa dentro

Com respeito aos humanos, não existe a verdade absoluta.
Ela aconchega-se às tonalidades do verde, aos cantos dos pássaros, à voz das águas nas cachoeiras, aos conselhos do vento...

A verdade gosta menos dos aglomerados urbanos.

Pode ser dolorosa tanto nos trópicos, nos pólos como em Tóquio.
Quem a determina, é a luta de cada um.
É como procurar uma saída seguindo uma rota invisível.

A sociedade aí está. Qual é a sua vocação?
Hoje, você acordou caça ou caçador(a)?

13-02-2012

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Bar da Visconde do Herval

Entre a Getúlio Vargas
E  a  Gonçalves Dias

Existe o Meio

E, ao meio,
Divide-se a Visconde

O lugar
Tem saudades do bonde

Embora, por ele
Nunca tenha passado

12-02-2012
(verão de 1987)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O caminho no escuro

Logo depois da alvorada, até um pouco antes do crepúsculo
Sou como aquela peça do quebra cabeça ( em desalinho)

Quando anoitece, olho para o céu
Em busca da estrela polar

08-02-2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Entropia

Ao lhe ver, eu soube
Como seria
Eu e você

Ainda que eu negue
Andamos a esmo
Você e eu

Bichos do mato
Súditos do olfato
Eu e você

Sangue a mil
Olhos em Zoom
Você e eu
Dois corpos em um

Será samba, será blues
Eu e você
Será o que não precisamos dizer

03-02-2012

domingo, 29 de janeiro de 2012

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Observações doVazio

Num
Relacionamento safadinho 

Consigo  mesmo (a)

26-01-2012

Agasalho do violão

Vestido solto pretinho
Alma de passarinho...

26-01-2012

Mais uma folha no tapete

Corta o vento, apesar do calor

Alio-me às outras folhas  no tapete
Pisoteia-me a aranha caranguejeira
Todos os passantes dizem: " Esta espécie não é venenosa"

Sei não, sei não
Venham pra cá, debaixo dela
No meu lugar

26-01-2012

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Tempero

Quando o ônibus deixa a estação, eu amanheço no interior de um túnel
De pronto, visto lentes escuras, escancaro assim meu desejo de retardar a alvorada

Parece um ritual de passagem esta visita à capital
O mormaço, sinto-o em cada esquina e minha pele acusa o que se sucederá com o asfalto
Meio ao ar condicionado, armo um teatro para a fervura das horas
Condimento os minutos com indecisões geminianas, enquanto o container sobre rodas segue seu curso...

25-01-12

sábado, 21 de janeiro de 2012

Poema em alto mar

Duas páginas além do prefácio, uma eternidade
O vulto rouba a concentração

O "pensar" é urso faminto
Fabrica poções de desassossego
Viaja nas lacunas das ausências

O "pensar" :
Tem horas que é navio
Sem permissão para o cais

21-01-2012

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Niágara

Debaixo da torneira o cacho refresca-se
Sob cenário violeta, os entre grãos assemelham-se a grutas
De onde emergem pingos de cristal

A uva tem o nome das cataratas, com uma doce vantagem

19-01-2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Água no rosto

Amanheço disperso
Desejo de verso
Aquele que ainda não fiz

Desejo o que claramente não vejo
As letras do sossego
Uma diretriz

18-01-2012

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Aguardem-na

Enquanto a cidade desperta, ela é determinada
Seu mundo é sua filha, depois a calçada
Nem lhe falem de academia, não é dia

Amanhã, talvez, supermercado
Tomara que ele não ligue, ela anda à toa

Seu trabalho, de repente, a levou pra Roma
Sentiu-se descartada, mas ela vai voltar pra Itália

Quer mostrar àquela gente
Que nasceu pra ser a Dona

17-01-2012

sábado, 14 de janeiro de 2012

Relógios de corda

Quando não há mais assunto, resolvemos brindar aos nossos defeitos...
Para o bar não fechar

14-01-2012

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Desabafo

O pé de goiabeira conversa comigo, parece gente
Apesar da canseira, está fora de perigo
Diz-me: "Ando muito contente"!

Abafado, esse janeiro
Meus filhos sadios avançam para a idade adulta
Poluição, vândalos ou peste oculta
Nada estragará a colheita em fevereiro

13-01-2012

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Fora do baralho

Descola o troco "dos home"
Mata a fome que te ataca
Ordem do bruxo, lustra a ferramenta
Dribla o fracasso
Trono é cobiça,
Compra a ilusão, que o consumismo atiça e atiça

12-01-2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Breve

Que grande engano: desejar e sofrer
Pegar a estrada sem admirar a paisagem

Não bastassem os medos, do berço herdados
Adereços de uma trajetória vazia

Se a lua esconder-se, escuta a noite
A gente nem sabia que a sentia

Abrigue-se no manto do silêncio, a vida é um breve salto

04-01-2012

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

domingo, 1 de janeiro de 2012

Trindade

Aparece-me nos sonhos (frequentemente)
A vila de pescadores em Trindade

Lá dorme a praia do sono, vive a praia do meio
Há outras tantas lindas (majestosamente)
Até parece, não são elas de verdade

01-01-2012