segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ressaca sem fim

Arrancar o poema da parede
Rasgá-lo em dois

Separar
Negros de brancos

Queimar livros
Então, o "Depois"

30-05-11

sábado, 28 de maio de 2011

Jardim de inverno

Sua mão tocou a minha --  sem querer ?  --  sobre as teclas do piano
Meu sapato saiu do pé esquerdo

Esta noite
Será nosso o enredo

28-05-11

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Dos novos amores

Coloca-se a lâmina de barbear sob a torneira na água corrente gelada. As moléculas do aço se contraem. Ela fica afiadíssima. Passa a acariciar a pele como se os pêlos não fossem obstáculos a serem transpostos.

Assim é o novo amor

27-05-11

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Abajur

Reina no ambiente a lareira
Muito mais soberana que a calma

Ambas mesclam-se ao sofá
Encontram gestos, namoram palavras

Tudo que é supérfluo deságua na (des)harmonia
Enquanto o lume acaricia a pantalha...

26-05-2011, 31-05-2013

terça-feira, 24 de maio de 2011

Descalços

Certos poemas caminham sobre o fio da navalha
Brincam com as dores

De quem os recebe
De quem os concebe

Arraigados jogadores

24-05-11

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Santa Bela Catarina

Que falta faz
A praia dos Inglêses
Tão limpa como era

Mata-fome
As Galés e a ilha do Arvoredo

Que falta faz Ibiraquera !

Cavaquinho
Violão e o Adami
Velha Guarda da Portela

Carnaval
Maria Salete, sua família
A Lisete

As serestas
No acampamento do Calhau

O mar dava "bom dia"
Quando a bateria ia se banhar

A gente nem dormia
Pro sonho não  acabar

Fotografia, jlcalliari
Costeira da Armação


23-05-2011

Lado Bom

Segunda rima com Bunda

23-05-11

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Percussão




No brotar da lágrima


 O coração
 Avesso aos Porquês


 Bate não, bate sim
 E
 Cala-se, por fim


 19-05-2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011

domingo, 15 de maio de 2011

King's Place

"Let me show you", sings The Legend
His guitar sounds like hell

Well, He doesn't need to show us anything

The Living Proof was born
Where the blues begins

15-05-11...... for Buddy Guy

sábado, 14 de maio de 2011

Andanças

Tem gente que largou tudo
Mudou pra bem longe, tempos depois retornou

Que quer largar, novamente, mas reluta
Se conseguir, nem pensa em voltar

Tem gente que não quer
Que quer, mas nunca largou

Para essa gente, o tempo ficou

14-05-11

Urbanas

Ao excesso de CO2 alheias, hibernam na calçada as goiabeiras

14-05-11

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Pirulito

Acorde! "Lábios carnudos", acorde!
Vem andar de bicicleta

Acorde! Meu bem, acorde!
Que os marrecos fazem troça
Pula poça, Pula poça

Clama pelo doce o menino
Lá da praia do Cassino

Venha ver a pequena aranha
Acrobata na sua teia

Venha olhar o maçarico com seu bico

Venha despertar a tatuíra
Que dorme no esconderijo de areia

13-05-11

quarta-feira, 11 de maio de 2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

Espaço 3D

Desvencilhada do carretel
A melancolia borda o caminho

Percebe-se o entorno gramado, pedras coloridas,
As pequenas pontes sobre os regatos, os moinhos d'água...

Araras de primavera

O tempo torna-se desimportante

No final, uma casinha aos pés da serra

Quase esqueço
Tem chaminé

10-05-2011

domingo, 8 de maio de 2011

La Bellucci

No outono-inverno
Veste-se o céu de cinza lamento

Pingentes de chuva querem percorrer seus cabelos
Inertes folhas deitam no cimento

Sabiás na primavera
Habitam galhos lindeiros

Verde musgo
É o tom do despertar no seu espelho

No verão
Pardais indiscretos pernoitam no abacateiro

À espreita na janela
Almejam ser seu travesseiro

08-05-2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Tintas

Acanhado
O sol achega-se à janela
Meus olhos bebem verde, terra e azul

Xaxim, quem te pintou assim?

Cortina, véu
Me ensina a ficar suspenso no céu

Um violino repousa sobre um tapete amarelo
O orvalho pensa ter encontrado seu destino

Abraço-me ao plátano, o instrumento valsa
Enciuma-se o poema
Quem resiste a um tucano alvorecer...

05-05-2011

quarta-feira, 4 de maio de 2011

R(V)azão

Banho morno, poros faciais dilatados, lâmina na pele

Pia, barba, água, peace in the world e........o ralo

04-05-11

terça-feira, 3 de maio de 2011

Luvas

A transição,  dona do silêncio que  implora
Esquece das melodias do verão

Saboreia a ausência dos pássaros, afasta a fuligem das horas
Parece que busca o inverno com as mãos

03-05-11